MICROCEFALIA: Mãe relata dificuldades com bebê e conta desafios do dia a dia

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LOC.A pernambucana Jaqueline Pereira, de 26 anos de idade, teve Zika em 2015, quando estava grávida de três meses. Na época da doença, ela não sabia que carregava o pequeno Daniel na barriga. Um mês depois, descobriu a gravidez sem nem imaginar que, dali para frente, sua vida iria mudar para sempre. A gravidez de Jaqueline foi de risco. Foram muitos cuidados e exames. Ela fez todo o pré-natal, sempre pensando no bem-estar do seu bebê.
 
Quando os médicos perceberam que havia alguma coisa errada com Daniel, primeiramente pensaram que ele tinha hidrocefalia, condição em que a criança nasce com líquido acumulado dentro do crânio. Foi apenas no sétimo mês de gravidez que o médico percebeu que Daniel tinha, na verdade, microcefalia. Por causa do Zika, que Jaqueline pegou no início da gestação, a cabecinha de Daniel era menor do que o normal. Apesar da tristeza e das dificuldades, quando ele nasceu, em outubro de 2015, veio para trazer muita alegria.  
 
TEC/SONORA: Jaqueline Pereira, atendente de caixa de supermercado

“Ele é a maior alegria da minha vida. Para mim não importava mais o que ele tinha, porque a gente costuma dizer que a microcefalia é apenas um detalhe na vida de um anjo. Eu ia correr atrás do melhor tratamento para ele, para ter uma vida com mais qualidade. E foram muitas dificuldades, porque desde que Daniel nasceu, teve muita crise convulsiva, espasmos. São remédios caros e ele já tomou os remédios para a crise, mas não passou.”
 
LOC.No primeiro mês de vida, o bebê passava mal toda noite e tinha muita dificuldade para respirar. A casa onde moravam era muito simples, sem reboco e com muita umidade, o que prejudicava a respiração de Daniel.
 
Jaqueline decidiu  mudar de casa e enfrentar todos os obstáculos. Por causa da dificuldade em criar Daniel, ela foi abandonada pelo marido, que a deixou sozinha, cuidando também de seu outro filho, João Pedro, de cinco anos de idade.
 
Agora, todo mês, Jaqueline pega o salário que recebe como atendente de caixa de supermercado para pagar o aluguel de 400 reais e arcar com o alto custo dos remédios de Daniel. Apesar desses desafios, ela conta com a parceria de João Pedro que, com apenas cinco anos, já entende bem que o irmão precisa de um cuidado especial.
 
TEC/SONORA: Jaqueline Vieira, 26 anos, atendente de caixa

“Eu fui explicando a ele, que ele não podia brincar de um certo modo porque é um bebê especial. E ele é muito inteligente, que quando passava na TV falando sobre a Microcefalia, ele sabia que estava falando do irmão dele. Ele brinca muito, é uma criança muito amorosa, ele diz: ‘olha, mãe, Daniel está escutando, ele está rindo’. Então, o sorriso do Daniel para ele é uma festa, porque ele sabe que é difícil.”
 
LOC.Para que se desenvolva, Daniel tem que ter muitos estímulos. Jaqueline não tem condições de bancar todos os cuidados e a única atividade que o bebê pratica é a fisioterapia. Foi uma jornada muito solitária, até que Jaqueline conheceu outras mães que também têm filhos com má formação no cérebro, causada pelo Zika. Atualmente, mais de 300 mães se ajudam, como explica Jaqueline.
 
TEC/SONORA: Jaqueline Vieira, 26 anos, atendente de caixa
“Eu vivia em um cenário de solidão muito triste, até que umas mães fizeram um grupo no WhatsApp para poder trocar informações, ideias, saber como estava sendo o dia a dia de cada um. E começou com oito mães e, depois, teve uma proporção maior. Hoje, são 309 mães. E foi dali que tudo melhorou, porque o que eu fazia sozinha para o meu filho, eu passei a lutar com várias, porque uma andorinha sozinha não faz Verão.”
 
LOC.A história da Jaqueline e do Daniel é só um exemplo das consequências que uma única picada do mosquito pode causar. Por isso, todos os brasileiros precisam se conscientizar e participar dessa luta. De acordo com o Ministério da Saúde, até dezembro de 2016, mais de dois mil casos de microcefalia já haviam sido confirmados no Brasil. Entre na luta contra o mosquito, que além do Zika, também transmite a Dengue e Chikungunya. Faça sua parte! Para saber mais, acesse: saude.gov.br/combateaedes. Ministério da Saúde, Governo Federal. 

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