Data de publicação: 24 de Novembro de 2015, 09:25h, Atualizado em: 17 de Julho de 2020, 18:30h
TEC: Trilha (BG).
LOC: Vamos agora a segunda parte do tira dúvidas sobre a campanha de vacinação contra o papiloma vírus humano, o HPV. Vírus que é responsável por cerca de 70% de todos os casos de câncer do colo do útero. E para falar sobre o câncer do colo do útero, doença que mata mais de cinco mil mulheres a cada ano no País, e qual a sua relação com o vírus HPV, falamos com o oncologista do Instituto Nacional do Câncer, Inca, Gustavo Iglesias.
TEC: cirurgião oncologista do Inca, Gustavo Iglesias
“Vou colocar de uma maneira simples, porque eu acho que todo mundo conhece a relação do cigarro com o câncer de pulmão, todo mundo sabe que quem fuma pode ter câncer de pulmão. A relação da infecção pelo HPV com o câncer de colo uterino é ainda mais forte do ponto de vista estatístico. Se nós pudéssemos, teoricamente, extinguir de forma total e completa a infecção pelo HPV, nós provavelmente extinguiríamos também a incidência do câncer de colo do útero. Se tornaria uma doença raríssima absolutamente excepcional. A esmagadora maioria dos cânceres de colo uterino tem relação com a infecção pelo Papiloma Vírus Humano, pelo HPV. A Organização Mundial de Saúde considera o câncer de colo uterino uma doença sexualmente transmissível, porque a quase totalidade dos casos vem acompanhado da infecção pelo HPV e nós sabemos que a infecção pelo HPV, que leva ao desenvolvimento do câncer do colo do útero, que existe uma relação causal direta mais do que provada.”
LOC: Doutor Gustavo, uma vez que a mulher contrai a infecção pelo HPV, é certo de que ela será vítima de um futuro câncer do colo do útero?
TEC: cirurgião oncologista do Inca, Gustavo Iglesias
“A grande maioria das pacientes contrai a infecção por HPV muito cedo e pouco depois do começo da sua vida sexual. É uma infecção muito comum da população, a maioria das pessoas não tem problema algum e não desenvolvem câncer, mas uma proporção ainda desenvolve ainda por motivos que só agora a gente está começando a entender. Algumas coisas podem acelerar o desenvolvimento do câncer, quer dizer, propiciam que essa infecção do HPV, as alterações que eles causam nas células, ocorram de maneiras mais rápida. Uma dessas coisas é o ato de fumar, tabagismo e outra coisa é o enfraquecimento do sistema imunológico que a gente vê na infecção pelo HIV na Aids. A gente sabe que essas pacientes tem uma tendência maior a desenvolver o câncer de colo uterino e o câncer de colo uterino é até uma das doenças que a gente usa para nos auxiliar a fazer diagnóstico de Aids. Todas as pacientes que desenvolvem câncer de colo uterino, lá no Instituto Nacional de Câncer, fazem um exame de pesquisa de sorologia para HIV, porque a associação entre HIV e HPV é muito comum.”
LOC: Doutor, como o câncer do colo do útero se manifesta e como as mulheres devem se prevenir?
TEC: cirurgião oncologista do Inca, Gustavo Iglesias
“O câncer do colo do útero, geralmente, quando dá sintomas, já se encontra em um estágio mais avançado. Um sintoma muito comum é o sangramento por via vaginal, principalmente depois da relação sexual. A mulher depois da relação sexual tiver algum sangramento por via vaginal, isso é um sintoma característico bem descrito. Os sintomas em geral não são específicos, então muitas mulheres, quer dizer, são sintomas que você pode observar em várias doenças. Não tem nenhum sintoma que seja muito característico ou particular do câncer do colo uterino, geralmente são sintomas que podem ser confundidos com outros problemas de natureza benigna, que são muito mais comuns do que o câncer de colo uterino, portanto se a mulher ela não faz os exames preventivos com uma certa regularidade ela pode com frequência não fazer o diagnostico até que a doença se encontra avançada.”
LOC: Doutor Gustavo, como é o tratamento do câncer do colo do útero?
TEC: cirurgião oncologista do Inca, Gustavo Iglesias
“Quando o câncer do colo do útero se encontra restrito ao colo do útero, um tumor de um tamanho não muito grande, a preferência de tratamento em geral é pelo tratamento cirúrgico, que consiste na retirada do útero, mas é uma cirurgia diferente da retirada do útero que se faz com a doença benigna por mioma, ou para algo semelhante. A gente chama de histerectomia radical. É uma cirurgia de grande porte e que envolve a manipulação de estruturas em volta que pode levar um grande prejuízo para qualidade de vida. Por exemplo; envolve a manipulação do ureter, que é o canal que vai do rim pra bexiga, envolve a manipulação do nervo que controla a função da bexiga, então com freqüência as mulheres que fazem a cirurgia para o câncer do colo do útero, mesmo em estágios relativamente iniciais podem experimentar seqüelas, efeitos colaterais relacionados ao aparelho urinário até para vida toda em uns casos. Hoje em dia, a gente tem um monte de técnicas que permitem que a gente faça uma cirurgia com menos risco de complicações, com menos riscos de efeitos colaterais e em casos muitos selecionados até conservando o útero, mas isso não é o comum. A maioria das pacientes ainda chegam para gente quando tem um quadro de câncer em estágios avançados em que a cirurgia não é uma possibilidade, nestes casos os pacientes fazem tratamento com radioterapia e com quimioterapia. É um tratamento que tem uma chance de cura que não é tão boa quanto o que a gente observa nos estágios iniciais e que também tem um perfil muito grande de efeitos colaterais.”
LOC: A meta do Ministério da Saúde é de que até o final do ano, 80% das meninas com idade entre 9 e 11 estejam vacinadas contra o HPV. Se você é mãe, pai ou responsável por menina nesta idade, leve-a a uma Unidade de Saúde e leve junto o cartão de vacinação. A vacina é o único meio de garantir a proteção contra o HPV pelo resto da vida. Obtenha mais informações sobre a vacina contra o câncer do colo do útero e o HPV em uma unidade de saúde mais próxima da sua casa e no portal do Ministério da Saúde na Internet, www.saude.gov.br/hpv.
TEC: Encerra trilha (BG).