HPV: Diretor de Vigilância das Doenças Transmissíveis do Ministério da Saúde esclarece dúvidas vacinação

Cláudio Maierovitch explica os males do HPV e as formas de prevenção e combate à infecção do vírus, responsável pelo câncer do colo do útero

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REPÓRTER: A infecção pelo vírus HPV é a principal responsável pelo câncer do colo do útero, doença grave responsável por mais de 250 mil mortes de mulheres em todo mundo. Estima-se que 15 mil mulheres sejam diagnosticadas com esse tipo de câncer no Brasil a cada ano. Para falar sobre os males do HPV e as formas de prevenção e combate ao vírus, o diretor de Vigilância das Doenças Transmissíveis do Ministério da Saúde, Cláudio Maierovitch.

 

REPÓRTER: Diretor, ainda existem pessoas que não sabem o que é o HPV. O senhor pode nos explicar o que é o que o HPV pode fazer com a saúde da mulher?  

 

SONORA: diretor de Vigilância das Doenças Transmissíveis do Ministério da Saúde - Cláudio Maierovitch

 

"O HPV é um tipo de vírus que tem vários subtipos, associados a algumas manifestações diferentes. Associados a verrugas e a outros problemas que não são muito importantes. O problema importante que é fortemente associado ao HPV é um tipo de câncer, que é um câncer que acontece nas mulheres: é o câncer de colo de útero. Boa parte das pessoas é exposta ao HPV em algum momento das suas vidas. O que acontece é que uma parte das pessoas fica com o vírus, tem a infecção pelo vírus, fica com o vírus e pode muitos anos depois de já ter adquirido este vírus, vir a desenvolver o câncer de colo de útero."

 

REPÓRTER: Diretor, como uma pessoa pode pegar o HPV?

 

SONORA: diretor de Vigilância das Doenças Transmissíveis do Ministério da Saúde - Cláudio Maierovitch

 

"A principal forma de transmissão do HPV é pela relação sexual. Então as mulheres com vida sexual ativa têm uma boa chance de já terem tido contato com o HPV, chamado também Papiloma Vírus, no seu nome inteiro."

 

REPÓRTER: O SUS incluiu no Calendário Nacional de Vacinação doses para meninas de 9 a 11 anos, e continua a vacinar adolescentes de 12 e 13 anos, em todo país. Mas as mães devem ficar atentas porque as meninas devem tomar mais de uma dose da vacina, não é verdade?

 

SONORA: diretor de Vigilância das Doenças Transmissíveis do Ministério da Saúde - Cláudio Maierovitch

 

"A imunização é dada por uma vacina oferecida em três doses, e as três doses são importantes. Depois de tomar a primeira dose, ela recebe uma segunda dose de reforço. A dose única ela não é eficaz para produzir a proteção contra o HPV, por isso as duas doses, e uma terceira dose cinco anos depois."

 

REPÓRTER: Você está ouvindo o diretor de Vigilância das Doenças Transmissíveis do Ministério da Saúde, Cláudio Maierovitch, que fala sobre o vírus HPV, principal causador de câncer do colo do útero. Diretor, a principal forma de contágio do HPV é por relação sexual. Então, porque o Ministério da Saúde está vacinando meninas entre 9 e 13 anos?

 

SONORA: diretor de Vigilância das Doenças Transmissíveis do Ministério da Saúde - Cláudio Maierovitch

 

"Ao escolher a idade de vacinação, se procura observar duas coisas. A primeira é: qual é a idade em que há maior chance de que seja dada uma proteção duradoura. Quanto mais tarde se dá a vacina, mais provavelmente essa menina, esta jovem terá uma proteção duradoura. Por outro lado, quanto mais tarde se dá a vacina, maior é a chance de que estar jovem já tenha tido contato com o vírus, e a vacina não funciona se ela já tiver tido contato com o vírus ou já tiver tido infecção natural."

 

REPÓRTER: Muitas mães têm medo de que a vacina contra o HPV cause danos à saúde das filhas. Elas têm razão para ficar apreensivas ou não? A vacina é segura? 

 

SONORA: diretor de Vigilância das Doenças Transmissíveis do Ministério da Saúde - Cláudio Maierovitch

 

"A vacina contra o HPV ela não contém vírus, ela não contém bactérias. Ela é uma vacina que contém algumas moléculas, que são agrupadas por um procedimento de biologia, de engenharia genética, que são moléculas que também estão presentes no vírus, justamente para mostrar para o sistema imunológico das pessoas um pedacinho do vírus e ensiná-lo a reagir contra esse pedaço do vírus. Como a vacina não tem vírus e não tem bactérias ela não produz infecção, ela é uma vacina extremamente segura".

 

REPÓRTER: Mas a vacina pode gerar algum tipo de reação, efeitos colaterais, não é?

 

SONORA: diretor de Vigilância das Doenças Transmissíveis do Ministério da Saúde - Cláudio Maierovitch

 

"Qualquer vacina, por ser uma injeção, ela pode produzir efeito colateral. Qualquer injeção pode produzir algum tipo de reação inflamatória no local de aplicação. Pode ficar um pouco vermelho, pode ficar um pouco dolorido. No entanto, isso não representa qualquer gravidade.”

 

REPÓRTER: Diretor, a vacina contra o HPV vai garantir que as meninas nunca tenham câncer do colo do útero?

 

SONORA: diretor de Vigilância das Doenças Transmissíveis do Ministério da Saúde - Cláudio Maierovitch

 

"As meninas que tomaram as três doses no esquema de um ano estão muito bem protegidas, estão com quase 100% de imunidade. Da mesma forma, aquelas que receberão a terceira dose, cinco anos depois, atingirão também uma eficácia muito elevada, próxima de 100%."

 

REPÓRTER: Então, Podemos dizer então que, a vacina contra o HPV, que as unidades de saúde da rede pública disponibilizam gratuitamente, têm nível de imunização alto, não é?

 

SONORA: diretor de Vigilância das Doenças Transmissíveis do Ministério da Saúde - Cláudio Maierovitch

 

"A vacina atinge um nível próximo de 100%, é superior a 90% de proteção contra o câncer. No entanto, existe a possibilidade de que uma percentagem dessas mulheres, ainda assim, venha a ter infecção. Justamente por isso é importantíssimo que seja mantido todo o cuidado para a detecção, a identificação precoce de qualquer alteração que possa haver. Isso é feito com o exame de Papanicolau, que é oferecido às mulheres que têm vida sexual ativa a partir dos 25 anos de idade até o fim das suas vidas."

 

REPÓRTER: Você ouviu o diretor de Vigilância das Doenças Transmissíveis do Ministério da Saúde, Cláudio Maierovitch. E só para lembrar: o SUS incluiu no Calendário Nacional de Vacinação doses da vacina contra o HPV para meninas de 9 a 11 anos e também disponibiliza doses para as meninas de 12 e 13 anos que ainda não tomaram a vacina.

 

Reportagem, Ivana Sant'Anna

 

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