EDUCAÇÃO: Estudo aponta desconexão entre ensino na escola e exigências da vida adulta

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REPÓRTER: Um estudo realizado com 40 jovens com idades entre 20 e 21 anos que tiveram trajetória de sucesso após se formar no ensino médio conclui que há uma desconexão do que ensinado na escola com as habilidades exigidas do indivíduo na vida adulta. De acordo com a pesquisa, os jovens se sentem despreparados para resolver problemas e lidar com conflitos na universidade e no trabalho. O estudo apontou também algumas deficiências quanto ao ensino da matemática e do raciocínio lógico, como lidar com questões financeiras e dificuldades de interpretar gráficos. De acordo com o pesquisador e coordenador do estudo, Haroldo Torres, os parâmetros curriculares usados hoje para o ensino médio são extremamente intensos do ponto de vista de conteúdos e na prática as pessoas aprendem muito pouco, ele afirma que os jovens precisam de mais flexibilidade, uma vez que já são capazes de tomar decisões.

SONORA: Haroldo Torres, pesquisador do CEBRAP e da Fundação SEADE
 
“Dar mais flexibilidade para as trajetórias dos jovens, porque o jovem já está fazendo escolhas e se posicionando.”
 
REPÓRTER: Ainda de acordo com o pesquisador, alguns recursos podem tornar a experiência escolar mais atraente para os alunos, como por exemplo, utilizar as novas tecnologias, como internet, programas de computadores e tablets, em sala de aula, já que, segundo ele, a maioria dos jovens se interessam por essas ferramentas. No entanto, Haroldo Torres apontou alguns desafios estruturais para que esses recursos façam parte do dia a dia dos estudantes brasileiros dentro da sala de aula.
 
SONORA: Haroldo Torres, pesquisador do CEBRAP e da FUNDAÇÃO SEADE
 
“É um desafio novo, importante, grande. Nós temos para incorporar a esse tema, vários desafios. Tem o desafio técnico, infra-estrutura nas escolas, equipamentos, desafio dos professores estarem confortáveis para lidar com esses instrumentos. Tem também o desafio da qualidade desses instrumentos, pois nem tudo o que existe é necessariamente bom, nem tudo o que está disponível, de fato, contribui para melhorar a educação. Então, existe sim um conjunto de oportunidades muito interessantes, mais ao mesmo tempo, é preciso avançar e entender mais como utilizar essas ferramentas, o que é mais relevante, o que faz ou não a diferença e assim sucessivamente.”
 
REPÓRTER: Gustavo Candeia é professor de matemática em curso pré-vestibular em Brasília. Ele relata que grande parte dos alunos chegam com muitas dúvidas na matéria. Para Candeia as escolas têm ensinado fórmulas ao invés de ensinar a raciocinar.
 
SONORA: Gustavo Candeia, professor de matemática
 
“As escolas, os colégios e os alunos têm um método muito antigo e tradicional de repetição de modelos. O professor aplica uma fórmula que tem no livro e os alunos ficam repetindo aquela fórmula, mas não entendem o porquê que estão usando ou de onde aquela fórmula surgiu, uma discussão mais séria e mais geral sobre a matemática. O grande papel da matemática no ensino médio é trabalhar o raciocínio abstrato, a capacidade de argumentação lógica e dedutiva.”
 
REPÓRTER: Atualmente, o ensino médio deve conter 13 disciplinas obrigatórias, obedecendo a Lei de Diretrizes e Bases, vigente desde 1996. Porém, está em discussão pelo Ministério da Educação e a Secretaria de Assuntos Estratégicos a Base Nacional Comum, um documento que escreve em detalhe o que em tese um jovem ou criança deve aprender durante o ciclo escolar. O prazo para a apresentação do documento vence em 2016.
 
Reportagem, Flávio Lacerda
 
 
 
 

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