REPÓRTER: O ano de 2016 terminou com 12 milhões e 300 mil pessoas desempregadas no Brasil. Isso porque o número de pessoas sem emprego voltou a subir no quarto trimestre do ano passado e chegou a 12 por cento, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, o IBGE. Esse é o maior índice desde que o indicador começou a ser medido, em 2012.
A quantidade de brasileiros sem ocupação no final de 2016 representa um aumento de 2,7 por cento em relação ao trimestre de julho a setembro. Se comparado com o último trimestre de 2015, o aumento foi de 36 por cento.
De acordo com o economista Fernando de Aquino, que é membro do Conselho Federal de Economia (Cofecon) e presidente do Conselho Regional de Economia de Pernambuco (Corecon-PE), vários fatores econômicos influenciaram os números do desemprego no país.
SONORA: Fernando de Aquino, conselheiro federal e presidente do Conselho Regional de Economia de Pernambuco (Corecon-PE)
“Tivemos fatores como a seca, que algumas regiões do país tiveram uma grande seca, o que causou um desemprego grande no setor agropecuário. Um setor que se ressente muito, também, é a construção civil nessas épocas de crise. E a gente não tem começado a reversão da crise ainda O fator econômico é esse: a gente vai a uma espiral de redução das vendas e dos investimentos e do consumo e isso vai fazer com que a produção seja cada vez menor, porque vende cada vez menos e o emprego vai se reduzindo cada vez mais”.
REPÓRTER: De acordo com o IBGE, o número de brasileiros que têm um emprego chegou a 90 milhões de pessoas nos últimos três meses do ano passado. Em relação ao trimestre anterior, o número cresceu 0,5 por cento. Mas, na comparação com os últimos três meses do ano de 2015, o número de pessoas que trabalham caiu 2,1 por cento.
Além disso, o rendimento médio real habitual dos trabalhadores, de dois mil e 43 reais, ficou estável em relação ao trimestre anterior e, também, em relação ao mesmo trimestre de 2015. Na avaliação do economista Fernando de Aquino, essa estabilidade nem sempre é um bom sinal para os indicadores de trabalho.
SONORA: Fernando de Aquino, conselheiro federal e presidente do Conselho Regional de Economia de Pernambuco (Corecon-PE)
“Essa estabilidade no rendimento médio em si parece ser boa, mas, às vezes, esconde essas coisas: não é que o pessoal esteja mantendo a sua remuneração real. Não é bem assim. É que quem perdeu o emprego e saiu da conta foram os que ganhavam menos. Então a gente tem esses efeitos que sustentam a remuneração média. E o que está escondido por trás é que muita gente perdeu o emprego, de salário menor, e por isso a média da remuneração não caiu”.
REPÓRTER: Ainda de acordo com o IBGE, o número de pessoas que trabalha por conta própria aumentou 1,3 por cento no último trimestre de 2016, frente ao trimestre anterior. Se comparado ao mesmo período do ano passado, no entanto, o número diminuiu 3,4 por cento, ou seja: 784 mil pessoas a menos para a conta. O economista Fernando de Aquino explica que, para quem está procurando um emprego, trabalhar por conta própria pode ser uma boa solução.
SONORA: Fernando de Aquino, conselheiro federal e presidente do Conselho Regional de Economia de Pernambuco (Corecon-PE)
“No final você vai ter que, às vezes, ter uma ocupação por conta própria. Mas é preciso. Então enquanto a gente não consegue se colocar com uma remuneração que a gente ganhava antes, às vezes a gente tem que se virar por conta própria. E às vezes, têm algumas atividades por conta própria que a gente consegue até uma remuneração melhor do que tinha antes. Você pode descobrir um outro nicho, um outro tipo de atividade que vai te remunerar, vai te satisfazer e vai te remunerar, às vezes, até melhor. Então a ideia é tentar ver o que aparece de melhor. Seria por aí”.
REPÓRTER: O levantamento do IBGE também mostrou que o número de pessoas empregadas no setor privado sem carteira assinada aumentou 2,4 por cento no período de outubro a dezembro de 2016, comparado com o trimestre imediatamente anterior. Isso significa um aumento de 248 mil trabalhadores brasileiros sem carteira assinada.
Reportagem, Bruna Goularte