LOC.: A crise política instalada no país desde que veio a público trechos da delação premiada dos donos da JBS Friboi causou danos praticamente irreversíveis ao governo Michel Temer. A avaliação é do cientista político, Leonardo Barreto. De acordo com Barreto, o pronunciamento dado por Michel Temer, nesta quinta-feira (18), onde o presidente rechaçou qualquer ideia de renúncia, pode ser encarado como a única forma que o presidente encontrou para negociar uma saída do poder menos prejudicial para a própria imagem.
TEC./SONORA: Leonardo Barreto, cientista político.
“No momento em que você não tem popularidade, você não tem uma base no parlamento que permita que você avance na sua agenda econômica e você tem sobre si um conjunto muito grande de suspeitas, só resta uma leitura. O presidente está se apegando no cargo, provavelmente, para ganhar tempo, para negociar sua saída. Negociar sua saída com a justiça, negociar as condições desse processo, negociar uma transição.”
LOC.: A crise que preocupa o governo teve inicio na noite de quarta-feira (17), quando o Brasil foi surpreendido com uma notícia publicada no site do jornal ‘O Globo’. A reportagem trazia a informação de que Temer teria ouvido de Joesley Batista, um dos donos da JBS, que o empresário estava dando a Eduardo Cunha e ao operador Lúcio Funaro uma mesada para que os dois permanecessem em silêncio na prisão. Temer, então, segundo o jornal, disse: "Tem que manter isso, viu?".
Temer também teria indicado à Joesley, o deputado Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR) para resolver um assunto da J&F, que controla a JBS Friboi. Posteriormente, Rocha Loures foi filmado recebendo uma mala com R$ 500 mil enviados por Joesley.
Nesta quinta-feira, a delação premiada dos irmãos Joesley Batista e Wesley Batista foi homologada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Edson Fachin. O ministro que é o relator da operação Lava Jato no STF também decidiu abrir inquérito para investigar o presidente Michel Temer.
A notícia que causou danos ao governo Temer também pode ser encarada como ruim para os ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff, avalia o doutor em Ciência Política pela UnB, Leonardo Barreto
TEC./SONORA: Leonardo Barreto, cientista político.
“Aumentaram as chances do Lula e da Dilma serem presos, viu. Porque você equilibrou a narrativa. Se antes você tinha a sensação de que havia perseguição política, agora não tem mais. Pau que bateu em Chico bateu em Francisco também. Então, eu acho que caso o pessoal lá decida por uma condenação ou por uma prisão do Lula, hoje eles se sentem mais confortáveis em fazer isso do que ontem. Então, eu acho que a narrativa fica mais simples para uma prisão tanto do Lula quando da Dilma.”
LOC.: Para Leonardo Barreto, os últimos acontecimentos da operação Lava Jato vão definir o futuro da política no Brasil. De acordo com o cientista político, o cenário para uma eleição presidencial, com voto direto, em 2018 ainda é imprevisível.
Reportagem, João Paulo Machado