LOC.: Nesta semana foi celebrado o Dia internacional contra o trabalho infantil em todo o mundo. E uma pesquisa feita pelo IBGE mostra que mais de 80 mil crianças ainda trabalham de forma indevida no Brasil. O mapeamento mostrou que os trabalhadores infantis correspondem a cerca de 5% da população que tem entre 5 e 17 anos. Para a diretora do Conselho Federal do Serviço Social, Cheila Queiroz, o trabalho infantil já vem de um contexto histórico de exclusão social e se concentra em regiões mais pobres do país.
TEC./SONORA: Cheila Queiroz, Diretora do Conselho Federal do Serviço Social.
“Nos estudos que foram feitos pelo IBGE, houve um aumento significativo do trabalho infantil no país e isso é fruto de um processo histórico de exclusão que a gente vive e o que a gente observa é que com uma redução de políticas públicas na área dainfância e da adolescência, esse processo vem se intensificando.”
LOC.: A socióloga e secretária-executiva do Fórum Nacional de Prevenção e Erradicação do Trabalho Infantil, Isa Oliveira, cita o Lixão da Estrutural, em Brasília, como um exemplo de cenário onde crianças trabalham em meio a dejetos que oferecem alto risco de contaminação. Apesar disso, a Secretaria do Trabalho, Desenvolvimento Social, Mulheres, Igualdade Racial e Direitos Humanos afirma que não existem crianças trabalhando no lixão. A socióloga Isa Oliveira discorda da afirmação.
TEC./SONORA: Isa Oliveira, socióloga e secretária-executiva do Fórum Nacional de Prevenção e Erradicação do Trabalho Infantil.
“Não é verdade, há crianças e adolescentes. O que sempre acontece é o seguinte: quando há qualquer ação fiscal lá, crianças e adolescentes desaparecem. Agora essa afirmação de que não há trabalho infantil no lixão não é verdadeira. Há trabalho infantil sim.
LOC.: Para Isa, a causa principal de se encontrar crianças no trabalho infantil é a falta de acesso e de permanência na escola.
TEC./SONORA: Isa Oliveira, socióloga e secretária-executiva do Fórum Nacional de Prevenção e Erradicação do Trabalho Infantil.
“O principal é a falta de acesso e principalmente de permanência numa escola, uma escola pública de qualidade que assegure também o direito de aprender, porque boa parte das crianças vai à escola, ficam por um tempo e não aprendem a ler e escrever, então isso desmotiva. A escola não faz parte do projeto de vida dessas pessoas.
LOC.: Ainda de acordo com o IBGE, a taxa de crianças que trabalham indevidamente no Brasil é 20% mais baixa quando comparada a pesquisas anteriores.
Reportagem, Déborah Costa