BRASIL: Empreendedorismo é tendência entre jovens no país, aponta pesquisa

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REPÓRTER: Guilherme Cecilio tinha 21 anos quando decidiu abrir o próprio negócio: uma empresa de som e iluminação. Com 22 anos, desistiu da ideia e investiu em um bar temático para festas de 15 anos e casamentos.
 
Agora, com 24 anos, ele é dono de um foodtruck de pizza e de um bar universitário que é um sucesso. Morador de Brasília, Guilherme tem uma certeza: ele ama ser um empreendedor. Não apenas pela liberdade de ser o próprio chefe e pelo dinheiro que vai lucrar com o negócio. O mais gratificante, para Guilherme, é poder fazer parte da vida das pessoas.
 
SONORA: Guilherme Cecílio, empreendedor
 
“A gratificação pessoal, conhecer pessoas, poder ajudar pessoas, é o mais me engrandece e me enriquece hoje. Eu diria que esse é o maior benefício e eu indico a todas as pessoas a fazer, executar. Planejar é importante, mas ficar só no papel não dá tão certo. Tem que arriscar tem que colocar os projetos para frente. A gente aprende com os erros também, quando eles não dão certo. Mas eles só engrandecem e fazem com que em algum momento a gente acerte. É muito gratificante”.
 
REPÓRTER: De acordo com a Federação das Indústrias do Estado do Rio Janeiro, a Firjan, dois em cada três jovens brasileiros têm planos de se tornarem empreendedores nos próximos anos. A pesquisa traçou o perfil de pessoas de 25 a 35 anos em nove cidades do mundo, incluindo Rio de Janeiro e São Paulo.
 
Na avaliação do gerente de Pesquisa e Estatística da Firjan, Cesar Kayat Bedran, o mais curioso é que os jovens não sonham e abrir o próprio negócio apenas para ganhar dinheiro. De acordo com ele, os brasileiros estão prontos para realizar seus sonhos e não têm medo de colocar a mão na massa.
SONORA: Cesar Kayat Bedran, gerente de Pesquisa e Estatística da Firjan
 
“O empreendedorismo no Brasil não é uma opção porque ‘ah, eu preciso arrumar emprego’. Não é a última opção. Os jovens definitivamente decidem empreender por conta de suas idéias, para colocar em prática os seus ideais. É uma questão que a gente até considera atemporal em relação à crise. Eles têm um ideal para perseguir e eles vão perseguir esse ideal.”   
 
REPÓRTER: Ainda de acordo com o estudo realizado pela Firjan, os empreendedores brasileiros estão mais ligados às causas socioambientais e éticas do que os jovens de outros países. No Brasil, esse número chega a 68,3 por cento. Bem acima da média de 49 por cento registrados nas outras cidades pesquisadas.
 
Márcio Brito é coordenador do Projeto de Atendimento às Startups Digitais do Serviço Brasileiro de Apoio a Pequenas e Micro Empresas, o Sebrae. Pelo o que ele percebe trabalhando com futuros empreendedores, a vontade dos jovens de mudar o mundo é uma tendência que veio para ficar.
 
SONORA: Márcio Brito, Coordenador do Projeto de Atendimento às Startups Digitais do Sebrae
 
“A gente saía da faculdade focado em trabalhar em uma empresa. As pessoas estão saindo da faculdade buscando criar um negócio. E qualquer que seja ele, muito pelo viés transformador. E aí também é uma grande diferença que tem um pouco dessa pegada à comunidade. Transformar alguma coisa, transformar a realidade. Muitos falam em transformar o mundo. Eu acho que essa pegada de transformação é nova e é uma pegada que veio para ficar. E é um pouco do que a gente vai sentir aqui, nos próximos anos, no contexto do empreendedorismo”.         
                                                  
REPÓRTER: Na opinião de Márcio Brito, a internet abriu portas inesgotáveis de informação para que os jovens inovem e produzam conteúdo. Apesar dos diversos caminhos oferecidos pela tecnologia, Márcio chama a atenção para alguns pontos que devem ser seguidos no caminho para o sucesso de um empreendimento.
 
SONORA: Márcio Brito, Coordenador do Projeto de Atendimento às Startups Digitais do Sebrae
“Eu acho que a primeira coisa é entender que essa ideia é uma ideia que ele pode ter como negócio. E entender que isso não é fácil de acontecer. A segunda é buscar conhecimento e buscar conhecimento validado. E aí, está ligado a uma terceira coisa que eu acho muito importante: o relacionamento, o networking. Buscar essas informações, buscar esse conhecimento com pessoas que, ou já passaram por essa situação, ou têm essa situação e chagaram, alcançaram o sucesso. Mas que possam, efetivamente, dar informações validadas, fazer um aprendizado mais real do processo. Essas três coisas potencializam um bom início para esse processo de maturação de ideias.”
 
REPÓRTER: Ainda de acordo com o estudo da Firjan, 57 por cento dos jovens empreendedores brasileiros aproveitam a tecnologia para fazer networking, ou seja, para construir uma rede de relacionamentos proveitosos para o negócio. Esse número só é maior em Xangai, na China, onde o índice chega a 69 por cento.
 

Reportagem, Bruna Goularte

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