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O Sindicato Nacional da Indústria de Cimento (SNIC) divulgou que o setor brasileiro vendeu 4,5 milhões de toneladas de cimento em dezembro de 2023, um ligeiro crescimento de 0,3% em relação ao mesmo mês de 2022. Com esse resultado, o setor fechou o ano de 2023 com um total de 62 milhões de toneladas de cimento vendidas, uma retração de 1,7%, ou seja, 1,1 milhão de toneladas a menos sobre o ano anterior. Esta é a segunda queda anual registrada após recuo de 2,8% em 2022. Até então, no triênio 2019-2021, mesmo com a pandemia, o setor registrou crescimentos de 3,8% em 2019, 10,8% em 2020 e 6,8% em 2021, recuperando 12 milhões de toneladas das 19 milhões perdidas no período 2015/2018.
Os baixos investimentos em infraestrutura também impactaram a venda do produto. Em 2023 o governo relançou o PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), com previsão de desembolso de R$ 1,4 trilhão entre 2023 e 2026, mas até agora o programa não tomou a velocidade necessária e já sofreu cortes para o orçamento de 2024. Para reverter esse cenário, o SNIC considera necessário ampliar os investimentos na construção civil e incluir o pavimento de concreto como opção nas licitações de ruas e rodovias, por ser um método construtivo de maior durabilidade, mais econômico, ter mais conforto e segurança para os usuários e ainda exercer menor impacto ambiental. Em apoio à agenda climática, a indústria do cimento tem promovido esforços significativos para reduzir o impacto gerado ao meio ambiente, com ações que levaram o Brasil a se tornar uma das referências mundiais entre os países com a menor emissão de CO2 por tonelada de cimento produzida no mundo.
A indústria também tem investido em coprocessamento, atividade responsável pela transição energética substituindo o combustível fóssil por resíduo industrial, comercial, doméstico e biomassas, que já alcançou 30% de participação na matriz energética do setor, antecipando a meta prevista para 2025. A atividade, inserida na economia circular, atingiu sua melhor marca em 2022 desde o início das medições. Foram 3,035 milhões de toneladas de resíduos processados, sendo 2,856 milhões de toneladas de combustíveis alternativos e 179 mil toneladas de matérias-primas substitutas. Ao todo, a troca de combustíveis fósseis por alternativos contribuiu para que fossem evitadas cerca de 2,9 milhões de toneladas de CO2 no ano.
A ideia do posicionamento da indústria nacional é partir do Roadmap de Mitigação, lançado em 2019 e que apontava meios para reduzir a emissão de CO2 na produção de cimento, e ampliar para o ciclo de vida do produto incorporando o concreto, a construção, a eletrificação, entre tantas outras ramificações, que permitam alcançar a neutralidade climática do setor até 2050. “O desempenho da indústria do cimento vem em linha com as projeções do SNIC, que apontava a baixa performance dos setores habitacional, saneamento e logística, as altas taxas de juros e o elevado endividamento das famílias. As condições climáticas extremas com temperaturas e chuvas acima da média e seca em algumas regiões brasileiras impactaram diretamente as vendas do produto. Vale destacar os avanços ambientais da indústria brasileira do cimento como referência mundial com menores emissões de CO2 e seu projeto de neutralidade de carbono em franco desenvolvimento”, disse Paulo Camillo Penna, presidente do SNIC.
A expectativa da indústria do cimento para 2024 é de crescimento, impulsionada em parte pelos avanços em projetos de infraestrutura, já sinalizados pelo governo para o ano, e no desenvolvimento urbano, principalmente nas áreas de habitação e saneamento. Com referência ao setor habitacional, o sistema construtivo Paredes de Concreto é uma solução para programas como o Minha Casa, Minha Vida, por trazer como benefícios a padronização e velocidade de construção, três vezes mais ágil para construir do que o sistema convencional, permitindo as construtoras utilizarem em projetos com prazos apertados e alta repetitividade. O Hub de Inovação e Construção Digital (HubiC), uma parceria da indústria do cimento com a Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP) está focado no desenvolvimento de projetos de cimentos, concretos e sistemas construtivos mais eficientes e de menor pegada ambiental. Uma das inovações é o uso de uma impressora 3D utilizando concreto para construir cômodos ou até mesmo casas e prédios inteiros. O próximo desafio está marcado para março, quando o projeto impresso fará a entrega de uma cozinha completa de concreto.
O setor de saneamento prevê retomada de concessões e a expectativa é de investimentos de R$ 27 bilhões em 2024. Já no setor habitacional, caso o previsto no programa MCMV de entregar mais de 500 mil unidades por ano seja realizado, demandaria cerca de 2,5 milhões de toneladas de cimento. Com isso, as projeções do SNIC apontam uma retomada de crescimento na demanda de cimento. A expectativa é de uma alta em torno de 2%, desde que se efetivem programas com ênfase para a habitação, o saneamento e logística, entre outros, recuperando parte das perdas acumuladas nos dois últimos anos.
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