LOC.: Pacientes diagnosticados com talassemia só sobrevivem graças à doação de sangue. A doença, ainda pouco conhecida pelos brasileiros, afeta a medula óssea e causa anormalidade na produção das hemoglobinas, responsáveis pelo transporte de oxigênio no sangue. A paranaense V.G., de 29 anos, que preferiu preservar a identidade, é portadora do tipo mais agressivo da patologia, a talassemia major. Diagnosticada com um ano de idade, a jovem precisa receber três bolsas de sangue especial a cada 21 dias. Em abril desse ano, a arquiteta e urbanista criou uma página no Facebook em que escreve sobre a rotina de um talassêmico. Em uma das publicações no blog “Eu, Talassêmica Major”, dias antes da Páscoa, ela detalha o momento da transfusão de sangue e a ansiedade pelo fim do procedimento.
TEC./SONORA: V.G., arquiteta e urbanista.
“Há dois dias atrás, na segunda-feira do dia 17 de abril, foi o dia de eu recarregar minhas baterias. Minha hemoglobina pré-transfusional era de 10.3, recebi três bolsas de sangue como sempre. De toda minha rotina como talassêmica, o que eu acho mais desagradável não é tomar o Exjade, receber sangue, ter algumas limitações quanto a hemoglobina estar baixa, mas sim o período que fico no Hemocentro recebendo sangue. Aquela longa espera, o sangue gotejando lentamente naquele tubinho durante horas. Quando a bolsa de sangue vai enxugando até parar de pingar, tenho a sensação de liberdade, acabou! ”
LOC.: A hematologista e hemoterapeuta Aveline Azevedo, que atende pacientes no Hospital Regional de Taguatinga, no Distrito Federal, explica que a talassemia é uma doença genética e deve ser tratada com transfusões regulares. Há casos, segundo a especialista, em que é necessário também tomar via oral um medicamento para controlar o acúmulo de ferro, originado pelas sucessivas transfusões de sangue. A hematologista esclarece que deve haver um acompanhamento contínuo e lista os principais sintomas de um paciente talassêmico.
TEC./SONORA: Aveline Azevedo, hematologista e hemoterapeuta.
“O principal é a anemia, que é causado por uma hemólise crônica, isso também pode levar a uma icterícia decorrente da anemia, fadiga, cansaço fácil. Pacientes também podem ter atraso no desenvolvimento, então como a talassemia major é a forma mais grave da talassemia, geralmente é diagnosticada no primeiro ano de vida. O que mais vai chamar a atenção é a palidez. Palidez cutânea, uma fadiga, uma apatia, uma dificuldade de fazer suas atividades habituais, acho que é o mais importante os sintomas relacionados à anemia.”
LOC.: Agora que você já sabe da importância da doação de sangue, procure um hemocentro próximo a sua casa. É importante conhecer as condições básicas para a doação e ser sincero na entrevista que antecede o procedimento. Podem doar sangue pessoas entre 16 e 69 anos em bom estado de saúde, pesando no mínimo 50 quilos. No dia da doação, é necessário levar documento de identidade com foto. Depois da doação, é indispensável ingerir bastante líquido e tomar o lanche que o local de coleta oferece. Doe sangue regularmente e ajude a quem precisa. Para mais informações, acesse saude.gov.br/doesangue.
