Faturamento do setor mineral cresce 41,6% no primeiro semestre

O setor mineral brasileiro registra crescimento de 41,6% no faturamento com minerais críticos no primeiro semestre de 2025, impulsionado por ouro e cobre, mas enfrenta desafios com novas tarifas dos EUA sobre minérios

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O Instituto Brasileiro de Mineração (IBRAM) divulgou que o setor mineral registrou exportações minerais de US$ 20 bilhões (-6,5%) e 192,5 milhões (3,7%) de toneladas e importações de US$ 4 bilhões (-5,3%) e 19,9 milhões de toneladas, com o comércio exterior de minérios gerando superávit de US$ 16 bilhões (-6,78%) no primeiro semestre de 2025, o equivalente a 53% do saldo total da balança comercial brasileira (US$ 30,09 bilhões). No mesmo período do último ano, a participação havia sido de 41%. No primeiro semestre do ano corrente, a indústria da mineração registrou alta no faturamento, no recolhimento de tributos (ambos cresceram 7,5%) e na geração de empregos com mais 5.085 vagas criadas no período, totalizando 226 mil empregos diretos.

A manutenção do desempenho crucial do comércio exterior de minérios se vê ameaçada pelas medidas tarifárias anunciadas pelos Estados Unidos, previstas para entrar em vigor a partir de 6 de agosto (+ 40% de taxas comerciais), já que afetam parte das vendas externas de minérios. Isso restringe o potencial de exportação e reforça a urgência de diversificar mercados e produtos, além de ampliar a produção interna de forma responsável, sustentável e segura, alerta o IBRAM. O diretor-presidente do IBRAM, Raul Jungmann, ao lado do diretor de Assuntos Minerários, Julio Nery, conduziu a apresentação dos dados em entrevista coletiva à imprensa brasileira e estrangeira. Jungmann apresentou lista dos minérios impactados pelo tarifaço e os que não sofrerão a sobretaxa, segundo dados oficiais de 2024. As vendas externas impactadas pelas novas tarifas (24,4% das exportações de minérios): sobretudo pedras/rochas ornamentais (19,4%), além de caulim (1,2%), pentóxido de vanádio (1,0%), alumínio (0,3%), cobre (0,009%) e manganês (0,007%). Já as exportações não impactadas (75,6% das exportações de minérios): outras pedras/rochas ornamentais (27,1%), ferro (25,7%), ouro semimanufaturado (12,2%), nióbio (10,6%).

Atualmente, cerca de 4% das exportações de minérios do Brasil seguem anualmente para os EUA. Entre janeiro e junho de 2025, o IBRAM mostra, com base em dados oficiais, que os EUA concentraram 57,6% do valor, em dólar, das exportações brasileiras de pedras/rochas ornamentais, além de relevância em vanádio (34,1% em dólar) e nióbio (8,1% em dólar); 5% em caulim; 3% em ouro semimanufaturado; em ferro, a participação é baixa (1,8% do valor). No 1S24, os padrões foram semelhantes, com algumas oscilações por item. Em relação às importações de minérios dos EUA pelo Brasil, elas totalizam cerca de 20%. Uma preocupação das mineradoras é a possibilidade de sobretaxas de reciprocidade nas importações vindas dos EUA, com efeito colateral sobre máquinas e equipamentos de grande porte – caminhões >100 t, escavadeiras, carregadeiras, moinhos etc., importados em grande parte dos EUA. A estimativa setorial indica elevação de custos da ordem de US$ 1 bilhão/ano, o que reduziria competitividade e poderia postergar projetos, estima o IBRAM.

Segundo o IBRAM, o faturamento com minerais críticos atingiu R$ 21,6 bilhões no primeiro semestre, 41,6% de aumento em relação a um ano antes (R$ 15,2 bilhões). As exportações de minerais críticos totalizaram U$S 3,64 bilhões (+5,2%), correspondente a 3,58 milhões de toneladas. A previsão é de investimentos de US$ 18,45 bilhões até 2029 para a produção de minerais críticos. O IBRAM alerta que o Brasil precisa tomar providências, como aprovar política pública, para expandir a produção mineral, em especial, dos minerais críticos e estratégicos (MCEs) para diversas finalidades, como a transição energética; para tecnologias como baterias de veículos elétricos (lítio, níquel), para fabricar ímãs de alta performance (terras raras) e ligas avançadas (nióbio). Por serem alvos de interesse prioritário de muitas nações, os MCEs constituem vantagem competitiva para o Brasil atrair parceiros comerciais e investidores internacionais para implantar cadeias produtivas, inclusive, para agregar valor aos minérios, via processamento industrial.

O Brasil figura entre os líderes globais em reservas e em produção de diversos minerais críticos e estratégicos (em ordem alfabética) – bauxita/alumínio (4º em reservas e em produção); chumbo (10º em reservas e 37º em produção); cromo (6º em reservas e 7º em produção); grafita (2º em reservas e 4º em produção); lítio (7º em reservas e 5º em produção); nióbio (1º em reservas e em produção); níquel (3º em reservas e 8º em produção); terras raras (2º em reservas e 11º em produção); titânio (4º em reservas e 16º em produção); vanádio (4º em reservas e 5º em produção); zinco (12º em reservas e 14º em produção).

O setor mineral faturou R$ 139,2 bilhões no primeiro semestre de 2025, aumento de +7,5% sobre o mesmo período de 2024. Entre as substâncias, minério de ferro R$ 73,5 bi (-8,2%), o equivalente a 52,8% do faturamento do setor; ouro R$ 17,6 bi (+80%); cobre R$ 14,6 bi (+63,2%); bauxita R$ 3,2 bi (+21,3%). Por estado, Minas Gerais teve participação de 39,7% no faturamento, seguido por Pará (34,6%), Bahia (4,8%).

O minério de ferro foi responsável por 63% das exportações, mas observou recuo de 17,4% em US$ no 1S25 na comparação com o 1S24, em razão do comportamento do preço deste produto. As exportações desse minério totalizaram US$ 12,7 bilhões no 1S25, com a venda de 185,9 milhões de toneladas (+3,8%). As exportações de cobre totalizaram US$ 2,1 bilhões, aumento de 14,4% em relação ao 1S24. As de nióbio somaram US$ 1,23 bilhões, aumento de 7%. As exportações de manganês totalizaram US$ 56 milhões, aumento de 102,4%. As exportações de pedras e revestimentos totalizaram US$ 739 milhões, aumento de 23,8%. Houve queda de 11% para vendas externas de bauxita; 2,3% de caulim, entre outros minérios.

O Brasil importou cerca de US$ 2 bilhões em potássio (+6,6%) e US$ 238 milhões em enxofre (+106,7%). E reduziu compras de carvão (-25,3%); rocha fosfática (-23,3%), entre outros minérios. Tributos e encargos totais recolhidos pela mineração (1S25): R$ 48 bi (+7,5%) em relação ao 1S24. CFEM (1S25): R$ 3,7 bi (+1,4%); ferro responde por 69,4% da CFEM; MG e PA recolhem 45,3% e 39,2%, respectivamente. Empregos diretos:067; variação +5.085 vagas de janeiro a junho (fonte Novo Caged). Os investimentos previstos para o período de 2025–2029 somam US$ 68,4 bilhões (+6,6% vs. US$ 64,15 bi projetados para o período anterior 2024-2028), com destaque para o minério de ferro 28,7% do total, socioambientais 16,6%, logística 15,9%, cobre 10,7%; fertilizantes +8,2%; terras raras: +49%.

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