A implantação da Base Nacional Comum Curricular (BNCC), que passa a valer em 2018, tem alguns desafios práticos pela frente. O principal deles, de acordo com especialistas, é como os estados vão adaptar diferenças regionais de linguagem e cultura, por exemplo, e adotar as exigências estabelecidas pela diretriz.
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Na visão do professor da Universidade de Brasília (UnB) e especialista em educação, Célio Cunha, é preciso deixar claro que a Base Nacional orienta os currículos com o que ensinar, ou seja, os conhecimentos e habilidades essenciais para os estudantes brasileiros. Ele ressalta que o como ensinar fica a cargo de cada rede e unidade escolar, o que garante o aprendizado de qualidade.
“Na concepção da base curricular nacional está prevista uma liberdade para os estados e municípios fazerem adaptações, incluírem aquilo que é especificamente da região. Então isso aí vai depender muito de cada estado. Se tiver bons planejadores, esse problema não existe”.
O mesmo vale para os mais de 5 mil municípios brasileiros, que poderão definir seu currículo. Cada rede, seja pública ou privada, poderá incluir, além do que determina a BNCC, os conhecimentos regionais que julgarem pertinentes. Segundo o diretor executivo da Confederação Nacional dos Estabelecimentos de Ensino (Confenen), João Luiz Cesarino, a diretriz precisa ser testada em sala de aula para que possíveis aprimoramentos sejam feitos.
“O que nós entendemos sobre a base é que há uma boa vontade, houve um estudo, foi amplamente discutida. Evidentemente que ela não é perfeita. A Base Nacional que está sendo discutida é a do ensino fundamental, todavia, na prática, na escola, com os professores, com o dia a dia dos alunos, é que nós vamos ter o retorno da aplicabilidade desse instrumento”.
Pela primeira vez na história, o Brasil terá um modelo educacional obrigatório para alunos da educação infantil (0 a 5 anos) e ensino fundamental (1º ao 9º ano). A primeira versão da BNCC foi divulgada pelo Ministério da Educação (MEC) em setembro de 2015 e recebeu 12 milhões de contribuições. Em maio de 2016, foi lançada uma segunda versão, incorporando o debate anterior. Nesta semana, o documento foi homologado pelo presidente Michel Temer e pelo ministro da Educação, Mendonça Filho.
Reportagem, Tácido Rodrigues