REPÓRTER: A formação profissional e o rendimento do trabalhador brasileiro são dois fatores diretamente ligados ao nível de escolaridade dos pais do trabalhador. É o que mostra o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios de 2014.
De acordo com o levantamento, o rendimento dos filhos está associado ao nível de escolaridade dos pais. Em 2014, os trabalhadores com nível superior completo e que, por outro lado, tinham mães que não tinham instrução, ganhavam em média três mil e 78 reais. Já para os filhos cujas mães tinham o ensino superior completo, o salário chegava a cinco mil 686 reais. Em relação ao pai, o rendimento médio de pessoas que tinham o nível superior, quando o pai não tinha instrução, chegou a dois mil e 600 reais. Em contrapartida, os filhos de pais com ensino superior completo chegaram a ganhar seis mil 739 reais de salário. A economista e conselheira do Conselho Federal de Economia, Denise Kassama, explica porque isso acontece.
SONORA: Denise Kassama, economista e conselheira do Conselho Federal de Economia
“A formação nos dá acesso a uma amplitude maior de conhecimento e informação. Então pais com formação também demonstram, de uma forma geral, que eles têm uma melhor condição financeira. E isso reflete na possibilidade de oferecer aos filhos um ensino melhor. Pais com menos formação refletem uma condição financeira um pouco menor e aí mais dificuldade na questão de fornecer a educação dos filhos”.
REPÓRTER: Ainda de acordo com o IBGE, a presença do pai ou da mãe dentro de casa também tem influência direta na escolaridade dos filhos. Segundo o levantamento, o índice de alfabetização foi menor entre aquelas pessoas que não moravam com as mães. Apesar disso, a economista Denise Kassama lembra que toda regra tem sua exceção. A conselheira do Conselho Federal de Economia explica que a pesquisa é apenas um indicativo médio do que costuma acontecer nas famílias brasileiras.
SONORA: Denise Kassama, economista e conselheira do Conselho Federal de Economia
“Não é o fato de eu ser filho de agricultores que me faz fadada a ser agricultora também. Na medida em que eu tenho acesso à informação, eu vou buscar conhecimento através dos estudos. O apoio dos pais é extremamente importante, mas também tem o outro lado, que é a vontade de crescer”.
REPÓRTER: A pesquisa do IBGE levou em consideração entrevistas que foram feitas em 2014 com 58 mil pessoas de 16 anos ou mais. O levantamento considerou dados sobre o grau de instrução, a renda e a formação profissional dos pais para analisar a mobilidade sócio-ocupacional dos filhos. Para isso, foram consideradas as informações sobre os pais e as mães de quando o filho tinha 15 anos de idade.
Reportagem, Bruna Goularte