Data de publicação: 17 de Novembro de 2024, 01:09h, Atualizado em: 17 de Novembro de 2024, 01:17h
Dados do 4º Relatório do Women in Mining Brasil (WIM Brasil), elaborado em parceria com a EY, mostram que 90% das empresas de mineração possuem programas de Diversidade e Inclusão e que 86% delas já praticam igualdade salarial entre os gêneros (em 2022, eram 64%), mas ainda há muito o que fazer para tornar o setor mais diverso e inclusivo. Conforme afirma a diretora da entidade, Karen Gatti, “o monitoramento contínuo é essencial para assegurar que as ações de DEI transcendam agendas corporativas e se tornem valores centrais nas empresas. O setor mineral precisa de mudanças estruturais para garantir ambientes mais inclusivos, diversos e seguros para todos”.
É preciso reconhecer que houve avanços significativos “em áreas críticas para a promoção da diversidade e inclusão no setor de mineração”: a participação feminina na força de trabalho aumentou cerca de 1% em relação a 2023, totalizando assim 30.744 mulheres na força de trabalho dessas empresas. O estudo também apurou uma melhoria na retenção de talentos femininos, com uma redução de 5 pontos percentuais no turn-over de mulheres, além de maior adesão a treinamentos e capacitações voltadas para DEI, com foco em temas como vieses inconscientes e liderança inclusiva. “Essa conquista é importante, pois indica que as empresas estão se esforçando para criar ambientes mais acolhedores e propícios ao desenvolvimento profissional das mulheres”, prossegue Karen Gatti.
Neste ano, 50 empresas responderam à pesquisa da entidade, das quais 15 são novas nesse processo. Deste total, 31 são mineradoras, 5 são fornecedoras de produtos para mineração e 14 prestam serviços para o setor. As dimensões de avaliação consideraram quatro pilares estratégicos: Estratégia e Oportunidades de Carreira; Ética e Cultura Organizacional; Desenvolvimento e Capacitação e Impacto Social”. Para Daniela Brites, Sócia da EY, as empresas precisam começar a concretizar e implementar as ações no dia a dia – “é perceptível que a DEI tem recebido cada vez mais a atenção de líderes empresariais, dos investidores e das comunidades, por ser um imperativo comercial. A transformação da mineração abre oportunidades para fazer a diferença no setor e no mundo”.
De acordo com o estudo, muitos desafios precisam ser superados, como a maior inclusão de mulheres em cargos de liderança e cargos gerenciais. Em 2024, as mulheres ocupam 31% dos cargos de gestão – em 2023 esse percentual era de 30% e, em 2022, 26%. Apesar das empresas relatarem um esforço nos treinamentos, as promoções não seguem na mesma direção. A situação é ainda mais alarmante quando se avalia a quantidade de mulheres presentes nos Conselhos Administrativos das empresas: apenas 11% em 2024, uma queda muito grande em relação a 2023, quando o relatório apontou um percentual de 30% nesse setor.
Outro ponto preocupante é o uso da licença parental. Apenas 28% das mulheres elegíveis estão aproveitando integralmente o benefício. Além disso, houve uma redução no percentual de empresas com programas de DEI, passando de 97% em 2023 para 94% em 2024, o que reforça a urgência de um compromisso mais robusto e sustentável com essas iniciativas.
Para mudar esse quadro, o relatório aconselha investimento em mudanças estruturais, com a revisão de políticas e práticas para garantir a sustentabilidade e o impacto positivo das ações de DEI.
Patrícia Procópio, presidente do WIM Brasil, refletiu sobre os menores índices observados no último relatório: “é importante salientar que estamos aumentando o cenário e o número de empresas que estão sendo analisadas, o que torna os números cada vez mais explicitados, configurando a realidade do setor. Existe um nível de maturidade diferente entre as mineradoras e os fornecedores”.
Para o WIM Brasil, a evolução dos indicadores só acontecerá de fato quando as metas de DEI estiverem atreladas à remuneração variável da alta liderança. Outra constatação é trazer os homens para a criação de um contexto real de inclusão por meio de programas de treinamento, além de preparar as mulheres a criarem uma linha sucessória com outras mulheres. O último relatório mostra que os avanços estão acontecendo, mas a passos muito lentos ainda!
(Por Mara Fornari)