Por Clara Sasse
A falta de manutenção das rodovias que cortam o Ceará é um dos principais problemas da indústria e do agronegócio local. Especialistas apontam que as três rodovias principais do estado, as BRs 116, 222 e 020, estão em péssimas condições de tráfego.
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Apesar da classificação regular das rodovias no Ceará, segundo pesquisa da Confederação Nacional do Transporte (CNT), a falta de manutenção ainda é um problema. 5,7% das estradas federais receberam são consideradas péssimas, enquanto apenas 3,8% são consideradas ótimas.
A BR-116, uma das principais rodovias do país e trajeto para escoamento e transporte de outros serviços, é conhecida como Rodovia da Morte. A estrada, que tem mais de 4.500 quilômetros de extensão, passou por obras nos últimos sete anos para duplicação em diversos trechos como tentativa de diminuir o número de vítimas.
Segundo o presidente do Conselho de Infraestrutura da Federação das Indústrias do Ceará (FIEC), Heitor Studart, a concentração do transporte apenas na malha rodoviária diminui a competitividade e aumenta os custos para todos os setores dependentes desse modal.
“Está prejudicando potencialmente o desenvolvimento do estado. Em termos internos, o Ceará estaria uns 65, 70% atendido. Agora, a nível nacional não há essa integração de intermodais de logística, o que prejudica o escoamento das produções e a atração de investimentos para o estado”, afirmou.
No país, foram analisados 105.814 quilômetros de rodovias. A classificação regular, ruim ou péssima atingiu 61,8%, enquanto em 2016 esse índice era de 58,2%.
Segundo o professor da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq-Log), da Universidade de São Paulo (USP), João Vicente Caixeta Filho, 80% do transporte de carga agrícola do país é feito por rodovias. Para ele, a solução, muitas vezes, esbarra em questões políticas.
“O tempo de maturação para a obra ferroviária é mais longo, ultrapassa os mandatos políticos. Então, deve fazer parte de uma agenda mínima de estado, e o estado extrapola governo e partido politico. Nós precisamos de projeto de estado onde de fato possa ter uma capilaridade adequada para movimentar as cargas de uma maneira geral, e particularmente as cargas agrícolas", analisou.
Em ano eleitoral, presidenciáveis já se posicionaram em relação à investimentos que precisam ser feitos no setor de infraestrutura. O candidato ao Planalto pelo MDB, Henrique Meirelles, apontou a extensa possibilidade hidroviária do país para movimentação de outro setor importante: o agronegócio.
“Temos que explorar também a grande vantagem do Brasil que é a hidrovia, que é o sistema mais barato que existe de transporte. Algumas obras pontuais, por exemplo, eliminando algumas rochas no Tocantins, Araguaia, pode viabilizar o grande escoamento de toda essa região”, prometeu.
O candidato do PSOL, Guilherme Boulos, disse que é preciso aumentar o investimento estatal na área, que hoje corresponde a apenas 2% do PIB. Já Marina Silva, da Rede, defende um projeto econômico que esteja atento às mudanças nas formas de produção mundial.
O tucano Geraldo Alckmin aponta a necessidade de ajuste fiscal para retomada da economia, o que, consequentemente, aumentaria os investimentos no país, incluindo na infraestrutura. Ciro Gomes, do PDT, disse que, para garantir investimentos em todas as áreas, incluindo infraestrutura, é preciso revogar a PEC do teto de gastos, aprovada pelo governo de Michel Temer, que, segundo ele, congela gastos com saúde, educação e investimentos.