BRASIL: 503 mulheres foram agredidas por hora no país ano passado

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REPÓRTER: Durante o ano passado,503 mulheres foram agredidas fisicamente, por hora, no país. Esse número mostra que de quatro milhões e 400 mil mulheres brasileiras foram agredias no período. Os dados, divulgados nesta quarta-feira (8) pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, também mostram que, em 2016, 66 por cento dos brasileiros presenciaram uma mulher sendo agredida física ou verbalmente. Isso significa que dois, de cada três brasileiros, presenciaram uma situação como essa.
 
Mafoane Odara é coordenadora de Projetos de Enfrentamento à Violência Contra a Mulher do Instituto Avon, que foi parceiro na pesquisa do Fórum. De acordo com Mafoane, os dados mostram que alguns tipos de violências ainda são banalizados na sociedade brasileira.
 
SONORA: Mafoane Odara, coordenadora de Projetos de Enfrentamento à Violência contra Mulheres do Instituto Avon
“Ainda em 2017 nós estamos falando sobre dados alarmantes de violência contra as mulheres. Dados esses das violências visíveis e invisíveis. Então quando a gente fala de violências invisíveis, são aquelas violências cujos efeitos foram incorporados à cultura de maneira que se perde a percepção da sua existência. E isso é muito importante a gente ressaltar. Porque o que a gente percebeu na pesquisa é que a violência mais comumente sofrida pelas mulheres, são o que a gente chama de ofensas verbais. Que é a humilhação, o xingamento, o insulto. E, muitas vezes na nossa cultura, elas são naturalizadas ou são colocadas naquela categoria de ‘mimimi’”.
 
REPÓRTER: E os números de ofensas contra as mulheres não param por aí. De acordo com a pesquisa do Fórum de Segurança Pública, no ano passado, o Brasil teve 12 milhões de mulheres ofendidas verbalmente. Quase duas milhões foram ameaçadas com faca ou arma de fogo. Cinco milhões sofreram ameaça de violência física. Quase quatro milhões sofreram ofensa sexual.  Um milhão e 400 mil mulheres foram espancadas ou sofreram tentativa de estrangulamento. E 257 mil brasileiras levaram tiro. Os números são expressivos e preocupam, já que mais da metade das mulheres agredidas não procurou ajuda e nem tomou uma atitude para denunciar as agressões. A coordenadora de Projetos do Instituto Avon, Mafoane Odara, explica que é papel de todos, apoiar as mulheres para que elas não sintam medo de tomar uma atitude para acabar com a violência.
 
SONORA: Mafoane Odara, coordenadora de Projetos de Enfrentamento à Violência contra Mulheres do Instituto Avon
 
 “Quando a gente fala sobre denúncia, a forma mais importante de a gente apoiar que as mulheres saiam de um ciclo de violência é apoiá-las, de fato. Porque esse é um processo no qual elas precisam estar fortalecidas para conseguir enfrentar os próximos passos depois da denúncia. Porque o caminho é longo e ele não é linear. Então a coisa mais importante é não julgar as mulheres e ajudá-las de fato, legitimando a palavra delas em relação à violências que elas sofreram. E ajudando que o sistema de proteção às mulheres vítimas de violência, funcione.”
 
REPÓRTER: Na avaliação de Mafoane Odara, é essencial que a discussão sobre a violência não se limite apenas ao dia oito de março, que é dia da mulher. Ela explica que, para que esses números melhorem, o debate precisa o debate precisa acontecer todoso os dias. 
 
Para denunciar um caso de violência, a mulher pode se dirigir a  qualquer delegacia e  fazer um boletim de ocorrência. Também é possível fazer uma denúncia Pela Central de Atendimento à Mulher, ligando para o número 180. A denúncia é anônima e gratuita e fica disponível 24 horas por dia, em todo o país.
 

Reportagem, Bruna Goularte

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