TRABALHO: Justiça apura denúncia de trabalho infantil

Na última segunda – feira, dia 4, a Policia Civil do Pará instaurou inquérito para investigar um anúncio publicado nos classificados em um dos jornais da capital onde um casal, que se dizia evangélico, procurava por uma adolescente para cuidar de um recém-nascido. 

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REPÓRTER: Júlia Maria, nome fictício da personagem, aos 13 anos, foi levada para a casa da patroa onde mora a mãe que trabalha no interior do Pará. Júlia recebeu como proposta um salário mínimo e a chance de poder estudar, mas tudo não passou de falsas promessas.
 
SONORA: Júlia Maria.
 
“Eu ficava até uma hora lavando roupa. Ela disse que ia me pagar um salário e ia me ajudar nos estudos, mas foi tudo ao contrário.”
 
REPÓRTER: Na última segunda-feira, dia 4, a Policia Civil do Pará instaurou inquérito para investigar um anúncio publicado nos classificados em um dos jornais da capital onde um casal, que se dizia evangélico, procurava por uma adolescente para cuidar de um recém-nascido em Belém. O casal citado no anúncio foi convocado para prestar depoimento, mas não compareceu. A Comissão de Erradicação do Trabalho Infantil do TRT da 8° Região, que abrange o Pará e o Amapá, tem buscado parcerias. Mais de oitenta parceiros já fazem parte do grupo, entre eles o Tribunal de Justiça do Pará, onde juntos formaram uma Comissão Interinstitucional para ajudar no combate ao trabalho infantil. A Comissão se comunica diariamente e foi assim que tomaram conhecimento do fato e de imediato já foram discutidas as medidas a serem tomadas, ressalta a Juíza titular da 5ª Vara do Trabalho de Belém, Maria Zuíla Lima Dutra, Gestora Regional de Combate ao Trabalho Infantil do Tribunal Regional dab8° Região.
 
SONORA: Juíza Maria Zuíla.
 
Nos comunicamos diariamente e tomamos conhecimento das notícias, envolvendo o trabalho infantil e foi assim que o grupo tomou conhecimento do anúncio, oferecendo trabalho infantil doméstico com o indevido nome de adoção. De imediato foram discutidas as medidas que deveriam ser tomadas, que foi feito pelo Ministério Público do Pará, além da OAB, e outras entidades, instaurando o inquérito, juntos nos fortalecemos para combater essa grave chaga social.”
 
REPÓRTER: Com a repercussão do caso nas mídias sociais, um caso semelhante foi identificado em Marabá, no sudeste paraense, onde um anúncio foi publicado no grupo “Vendas, compras e trocas”, do Facebook. No grupo da mídia social, uma mulher procurava uma menina que precise de ajuda financeira para morar. O anúncio afirmava ainda que se a menina for menor de idade, a mulher pretendia coloca-la para estudar, além de cuidar como uma filha. Segundo a juíza Maria Zuíla, o episódio mostrou à sociedade que o trabalho infantil doméstico persiste no Estado do Pará.
 
SONORA: Juíza Maria Zuíla.
 
“Esse lamentável episódio veio mostrar à sociedade que o trabalho infantil doméstico persiste e ainda continua sendo aceito por muitas pessoas como um gesto de solidariedade. É bom lembrar para essas pessoas que eu chamo de amputadores da infância, que solidariedade não é sinônimo de exploração, nem de escravidão da vida. Solidariedade é fruto de amor e respeito a dignidade humana, por isso nós precisamos ficar atentos e denunciar, afinal, o lugar da criança é na escola, é convivendo com sua família, é brincando com outras crianças, de modo que possa se desenvolver plenamente em todos os aspectos.”
 
REPÓRTER Segundo o TRT da 8ª Região, a exploração da mão de obra infantil no Pará representa 7,5% do total registrado no Brasil. Mais de 19 mil crianças e adolescentes trabalham no Estado. Qualquer forma de exploração ao trabalho infantil deve ser denunciada. Bastar ligar para o Disque Denúncia, número 100.
 

Com a colaboração do TRT da 8ª Região, reportagem, Storni Jr.

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