Situação de delação da JBS é assunto em Brasília; Congresso instala CPMI para investigar envolvimento da empresa com o BNDES

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A terça-feira (5), em Brasília, foi de repercussão sobre as declarações dadas um dia antes, na segunda (4), pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot. O anúncio feito pela PGR de que abriu investigação para apurar indícios de omissão de informações no acordo de colaboração premiada feito pelos executivos do grupo J&F, que controla o frigorifico JBS/Friboi mexeu com os bastidores da política. Isso porque, muitos deputados, senadores, ministros e até mesmo o Presidente Michel Temer acabaram atingidos pelas acusações dos executivos que, agora, tem legitimidade posta em dúvida.
 
De acordo com Roodrigo Janot, os investigadores obtiveram na quinta-feira (31) da última semana, novas gravações de áudio, que segundo o procurador geral tem conteúdo “gravíssimo”. A análise da gravação revelou diálogo entre dois colaboradores com referências indevidas à PGR e ao Supremo Tribunal Federal. Na gravação obtida pela PGR também há relato de conduta criminosa por parte do ex-procurador da República Marcelo Müller, que foi auxiliar próximo de Rodrigo Janot, durante três anos.

No último dia como interino na Presidência República, Rodrigo Maia tentou colocar panos quentes na situação. O chefe da Câmara dos Deputados afirmou que a Procuradoria não pode ser culpada por informações que não obtinha, mas cobrou o avanço das investigações.

“É isso que a PGR (Procuradoria Geral da República) está avançando. Ela passa a ter informações que ela não tinha, também não podemos culpar ninguém por informações que não existiam. E se de fato o ex-procurador participou, ainda como procurador, de conversas para organizar a delação, as gravações, junto com os donos da JBS é importante que o Ministério Público avance de forma muito firme.”

Quem também comentou situação da delação dos executivos da JBS foi o presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara, deputado Rodrigo Pacheco (PMDB-MG). O deputado afirmou não saber se as novas revelações podem interferir na apresentação de uma possível segunda denúncia contra o presidente Michel Temer.

“Sinceramente não sei se isso pode frear uma segunda denúncia, até porque, não sei em que bases concretas de fatos e de provas o ministério público federal baseará essa segunda denúncia. De qualquer forma, nós precisamos conhecer com amplitude tudo quanto há em relação a essa delação. Nada pode ficar escondido.”

O Congresso Nacional decidiu, ainda nesta terça (5), instalar uma Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI), para averiguar eventuais irregularidades em empréstimos tomados pelo grupo J&F junto ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). O senador Ataídes Oliveira (PSDB-TO) foi eleito presidente do colegiado enquanto o senador Ronaldo Caiado (DEM-GO) ficou com o posto de vice. Ainda falta definir quem será o relator da comissão.

De Brasília, João Paulo Machado

 

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