REPÓRTER: A construção de um novo olhar para pessoas com transtorno mental e medidas alternativas de tratamento por meio da arte foram reflexões da 6ª edição do Projeto Cine TJ, que exibiu o filme “Nise - O coração da loucura”. O filme mostrou a evolução no tratamento de esquizofrênicos a partir da compreensão e do afeto, desenvolvido pela psiquiatra Nise da Silveira, no início da década de 1940. O psicólogo do Tribunal de Justiça do Pará Luiz Romano explica a metodologia utilizada no filme.
SONORA: Psicólogo do Tribunal de Justiça do Pará, Luiz Romano.
“Considerar as questões relativas à subjetividade, à experiência subjetiva, quando você trata das questões de transtorno mental. Nise da Silveira foi uma desbravadora nessa área, em um tempo em que se entendia a loucura ou o transtorno mental como uma questão do erro, como uma questão cujos sintomas precisavam ser abafados através de práticas até de tortura, como eletrochoque, a Nise da Silveira vem trazer a necessidade de nós considerarmos que por trás daqueles sintomas existe uma pessoa, existe um ser humano que sente, existe um ser humano que tem uma experiência que precisa ser compreendido, que precisa ser trabalhado”.
REPÓRTER: No Pará, 200 internos considerados "loucos infratores" cumprem medida de segurança no Hospital de Custódia do Sistema Penitenciário do Estado. O titular da 1ª Vara de Execuções Penais, juiz Cláudio Rendeiro, comenta a resistência para a liberação dos infratores.
SONORA: Titular da 1ª Vara de Execuções Penais, juiz Cláudio Rendeiro.
“Nós temos uma cultura de prisão muito forte no Brasil. A sociedade segrega as pessoas diferentes, e o louco infrator fica bem pior a situação dele do que o condenado, porque o condenado foi condenado sob a ótica de que ele teve uma culpabilidade. E a culpabilidade é algo que você fez no passado e por conta do que você fez você recebe uma pena e esta pena você vai cumprir, mesmo que no futuro. No louco infrator. a ótica é muito complicada, a motivação da internação, porque não trabalha com culpabilidade, trabalha com a periculosidade, ou seja, é algo futurista. Quer dizer, ele não sai não é pelo que ele fez, é pelo que o psiquiatra acha que ele vai fazer”.
REPÓRTER: O projeto Cine TJ foi lançado em 2015 e realiza a exibição de filmes vinculados a alguma temática. O coordenador de Saúde do Judiciário paraense, Manoel de Chirsto Alves Neto, destaca a relevância da ação no ambiente de trabalho.
SONORA: Coordenador de Saúde do Judiciário paraense, Manoel de Chirsto Alves Neto
“É um espaço em que as pessoas vir, no seu próprio ambiente de trabalho. É um momento de cultura, de entretenimento, isso é bom para a saúde mental, quando a gente tem a oportunidade de espairecer e ao mesmo tempo, se alegrar, se divertir, de uma forma reflexiva, porque vai se discutir uma temática”.
REPÓRTER: A exibição do filme “Nise - O coração da loucura”, por meio do projeto Cine TJ, ocorreu no Fórum Cível de Belém.
Reportagem, Thamyres Nicolau