Rejeição a classe política pode fazer com que Brasil reviva cenário eleitoral Francês, avalia cientista político

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A turbulência política pela qual passa o país, desde 2013, quando tiveram início as primeiras grandes manifestações de rua, parece não ter fim. Em 2014 tivemos uma das eleições presidenciais mais polarizadas da história. No ano seguinte, 2015, a operação Lava Jato ganhou força e atingiu dezenas de políticos de renome. Revelado o lamaçal de corrupção na Petrobras, praticamente todos os partidos foram atingidos. Em 2016, um impeachment derrubou a então presidente Dilma Rousseff, pondo fim a 13 anos de governos petistas. Já com um ano a frente do Palácio do Planalto, Michel Temer tem a missão de tentar pacificar o país. Diante de toda essa confusão, o assunto que toma conta de quase todas as discussões políticas, não poderia ser outro, as eleições presidenciais de 2018. 
 
Faltando pouco mais de um ano para o pleito, as especulações sobre os possíveis cenários não param. Pré-candidatos já se apresentam, tanto no espectro da esquerda, como da direita. No entanto, segundo o cientista político Valdir Pucci, da Universidade de Brasília (UnB), mesmo com o início das movimentações, ainda é impossível prever a disputa de 2018. Ele explica.
 
“Eu acho que, hoje, o que nós temos é justamente um cenário de total descrédito da sociedade com a classe política, como um todo. Não necessariamente contra o governo Temer, ou contra um determinado partido, mas de forma generalizada. E esse sentimento já está embaralhando o cenário para 2018. A Ciência Política entende muito claramente que o cenário de 2018, ele é uma incógnita, seja para um discurso a esquerda ou a direita, até mesmo se alguém terá o apoio do governo”.
 
O descrédito da população com a classe política pode fazer com que o cenário de 2018 seja muito parecido com o vivido pela França, nas eleições deste ano, avalia o cientista político. O país europeu elegeu um candidato, que em 2016, era praticamente desconhecido do público. Emmanuel Macron fundou o movimento político, o En Marche! (Em Marcha), afirmando que o partido não era nem de esquerda nem de direita. O discurso com tom moderado desbancou os tradicionais partidos Socialista e Republicanos, além de derrotar a extrema direita, no segundo turno.
 
“O cenário Francês, das últimas eleições presidenciais francesas, ele é muito próximo daquilo que a gente pode ver em 2018 no Brasil. Ou, seja, o surgimento de um novo partido, não de partidos velhos, com novos nomes, mas, sim, o surgimento de um novo partido, com uma pessoa que represente essas novas idéias e que ela possa, sim, agregar esse descrédito da sociedade e apresentar-se com uma nova forma de fazer política no país. Então, a grande tendência é que a gente tenha um outsider vindo por fora, e tenha grandes chances de vencer as eleições”.
 
O Democratas, tradicional partido de centro-direita, têm tentado se desvincular desse rótulo. De acordo com o colunista Lauro Jardim, do jornal ‘O Globo’, a sigla deve mudar o nome para ‘Centro’. Resta saber se o partido conseguirá se descolar da própria história, de antigo PFL e PDS.
 
De acordo com a última pesquisa divulgada pelo Instituto Datafolha, em junho, a corrida ao Planalto segue sendo liderada por Lula, com 30% dos votos, seguido por Jair Bolsonaro e Marina Silva, com 16% e 15%, respectivamente. As especulações de nomes outsiders giram, por enquanto, em torno do apresentador de televisão, Luciano Huck, do ex-ministro do STF, Joaquim Barbosa e do atual prefeito de São Paulo, João Doria, que mesmo estando na política, foi eleito em 2016, com um discurso antipolítico.
 
De Brasilia, João Paulo Machado
 

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