Lava Jato não deve ser atingida com divulgação das novas gravações de executivos da JBS, diz advogado

Depois de o procurador-geral da República anunciar a existência de novas gravações dos executivos da JBS, o advogado e jurista Ives Martins avalia que as investigações da operação Lava Jato não devem ser afetadas. Para o especialista, Rodrigo Janot se precipitou ao revelar que os áudios têm conteúdo “gravíssimo” e que poderiam incriminar até ministros do Supremo Tribunal Federal.

“Ele só revelou isto agora, a 12 dias da sua saída da Procuradoria Geral da República, porque essas fitas seriam fatalmente vistas pelo Supremo Tribunal Federal. O fato é a precipitação do procurador geral da República em dar um benefício que nunca houve na história do Brasil e do mundo, isso infelizmente veio fragilizar o próprio bom instrumento, que é a delação premiada. Mas eu estou convencido, por outro lado, que a Operação Lava Jato não vai ser atingida”.

Na conversa gravada com os advogados Francisco de Assis e Ricardo Saud, divulgada nesta terça-feira (5) pelo “O Globo”, o empresário Joesley Batista orienta os dois subordinados a se aproximarem do então procurador Marcelo Miller para, então, chegarem ao procurador-geral, Rodrigo Janot. A aproximação poderia abrir caminho para um futuro acordo de delação premiada, com a concessão de imunidade aos colaboradores.

Por conta dos indícios de irregularidade nas negociações que deram benefícios aos executivos da JBS, Janot abriu investigação e afirmou que a delação pode, inclusive, ser cancelada. O jurista Ives Martins, que advoga há 59 anos, não acredita que integrantes da Suprema Corte tenham envolvimento criminoso com os irmãos Batista, como sugeriu Janot. O ministro Gilmar Mendes subiu o tom contra o procurador-geral nesta terça-feira (5), afirmando que Janot é “delinquente” e que “tenta chantagear o Supremo Tribunal Federal”. O ministro Marco Aurélio Mello também criticou as declarações do procurador-geral por ele não ter identificado quais ministros do STF poderiam estar sob suspeita.

Reportagem, Tácido Rodrigues