ESPECIAL: Lava Jato, a operação que estremeceu a República em 2016 (Parte 2)

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REPÓRTER: Após começar o ano na cola do ex-presidente Lula, tentando esclarecer suspeitas sobre o envolvimento do petista no maior escândalo de corrupção da história do Brasil, a Operação Lava Jato seguiu em busca de mais informações para chegar ao topo da pirâmide de controle do ‘Petrolão’.
No dia 21 de março foi deflagrada a 25ª fase da operação, a quarta só em 2016. Com o nome de operação Polimento, a Polícia Judiciária e o Ministério Público de Portugal atenderam um pedido da Justiça brasileira e cumpriram mandados de busca, apreensão e prisão preventiva de Raul Schimdt Felippe Júnior, em Lisboa.
Dono de uma galeria de arte, Felippe é investigado por pagamento de propina aos ex-diretores da Petrobras Renato Duque, Jorge Zelada e Nestor Cerveró.
22 de março, um dia após o cumprimento da fase Polimento, a Lava Jato volta às ruas com a operação Xepa, um prolongamento das investigações da Operação Acarajé. Na ação, a Polícia Federal traz a tona o sistema de pagamento de propina instalado na Odebrecht. Existia dentro da empreiteira um departamento exclusivo para pagamentos de propina, com o nome de “Setor de Operações Estruturadas”, como explicou a Procuradora da República, Laura Gonçalves Tessler.

SONORA
: Laura Gonçalves Tessler, Procuradora da República
“Era uma estrutura montada dentro da estrutura da Odebrecht, funcionários destinados exclusivamente para a atividade de pagamento de propina, muito bem remunerados para isso. Movimentavam quantias muito expressiva de recursos, com contas no exterior.  
 
REPÓRTER: 1° de abril. O caso Celso Daniel volta à tona. Batizada de operação Carbono, a 27ª fase da Lava Jato traz para 2016 a discussão sobre o assassinato do Prefeito de Santo André, sequestrado ao sair de um restaurante e morto em circunstâncias misteriosas em janeiro de 2002. A operação da Lava Jato apurou um empréstimo fraudulento de 12 milhões de reais concedido pelo Banco Schahin ao pecuarista José Carlos Bumlai. Metade deste valor foi entregue ao empresário Ronan Maria Pinto, que teria chantageado, segundo as investigações, o ex-presidente Lula e outros dirigentes da cúpula do PT para que eles não tivessem os nomes envolvidos na morte de Celso Daniel. Nesta fase, além de Ronan, foi preso o ex-secretário-geral do PT Silvio Pereira.
 
REPÓRTER: Com o pé no acelerador, em 2016, a Lava Jato não parou nem no dia em que o Senado aprovou a instauração do processo de impeachment da, hoje, ex-presidente Dilma Rousseff. No dia 12 de abril, a operação Vitória de Pirro, levou à cadeia o ex-senador Gim Argello. As investigações apontaram que Argello teria negociado, em troca de propina, a obstrução dos trabalhos da CPI mista da Petrobras no Congresso Nacional. O ex-parlementar do PTB, foi vice-presidente da CPMI, e recebeu o dinheiro sujo das empreiteiras UTC, OAS e Toyo Setal por meio de doações oficiais de campanha e até mesmo em repasses a uma paróquia do Distrito Federal. Após ser preso, durante depoimento ao Juiz Sergio Moro, Gim Argello negou as acusações contra ele e chorou.

SONORA
: Gim Argello, ex-senador
“Então, excelência, eu nunca tinha ido a uma delegacia, eu nunca tinha passado por isso. ‘O Gim, mas você tem quase cinco meses preso’ Tenho, excelência. ‘Gim você é maluco?’ Não sou! Eu sempre apoiei a Lava Jato e continuo apoiando. ‘você é doido, Gim?’ Não sou, porque eu não sou desonesto, porque eu não sou”.

REPÓRTER
: Gim Argelo foi condenado pelo juiz federal Sergio Moro a 19 anos de prisão pelos crimes de corrupção passiva, lavagem de dinheiro e obstrução à investigação de organização criminosa.
Na próxima reportagem da série, você vai acompanhar como agiu a Operação Lava Jato nos primeiros meses do governo Michel Temer. As prisões dos ex-ministros José Dirceu, Guido Mantega e Antonio Palocci, membros da alta cúpula do PT.

Reportagem, João Paulo Machado

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