Sistema de consultoria ajuda empresas a reduzir consumo de água
Especialista dá detalhes de como o uso excessivo dos recursos hídricos é identificado dentro das organizações
Por Marquezan Araújo
Para serem exercidas, algumas atividades comerciais precisam utilizar um considerável volume de água. Um lava-jato, por exemplo, consome cerca de 250 litros de água durante a limpeza de um carro, segundo a Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (Fecomercio-SP).
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Acontece que determinados serviços nem sempre gastam a quantidade de água adequada nos processos internos. Por esse motivo, empresas de consultoria são contratadas com o objetivo de tornar o uso dos recursos hídricos mais eficiente.
Um dos sistemas que atende a essa demanda é o SG Água, criado pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai), que atua para a gestão, controle e monitoramento do uso da água por pequenas e médias empresas. A coordenadora do Centro Nacional de Tecnologias Limpas do Senai, Lisiane Metz, afirma que o objetivo é diminuir o desperdício em todos os níveis.
A especialista conta que todo o processo leva em média 46 horas para ser concluído. Durante palestra no 8° Fórum Mundial da Água, que aconteceu em Brasília entre os dias 17 e 23 de março, ela deu detalhes de como o sistema contribui para a economia da água nas instituições.
“Se parte de uma identificação: quantos pontos de consumo de água tem numa organização? Se para e se analisa. Essa água que está saindo dessa torneira, para essa finalidade, é necessária? Ela é suficiente? Poderia ser feito de outra forma? Poderia não gastar essa água? Então são pequenas perguntas que vai se fazendo ao longo desse processo”, disse.
Segundo Lisiane, o sistema pode ajudar a economizar água, inclusive, na fabricação de produtos. “Se eu tiver trabalhando com tinta líquida, por exemplo, qual é a quantidade de água que eu gasto para fazer essa tinta? Não é necessariamente a água que está contida na tinta. Tem toda a água que gravita em torno desse processo. Por exemplo, vou trocar de cor, eu tenho que fazer uma lavagem de equipamentos”, completou.
As discussões sobre o uso racional da água também estão presentes no Congresso Nacional. O senador Jorge Viana (PT-AC), autor de uma proposta de Emenda Constitucional (PEC) que visa transformar a água em um direito humano, destaca que o Brasil tem água em grande quantidade, mas se cuidados não forem tomados, esse recurso pode acabar. “O Brasil é um país que tem 12% da água doce do planeta, mas tem problemas de escassez de água e insegurança hídrica. Então, o Brasil precisa melhor distribuir a água que tem e precisa ter orçamento para investir em saneamento básico”, afirmou.
O presidente Michel Temer anunciou no início do mês a concessão de dois bilhões de reais em crédito para projetos de saneamento básico no país. Segundo o Ministério das Cidades, o dinheiro poderá ser usado em 86 contratos com companhias de saneamento estaduais e municipais. Os contratos contemplam cidades no Mato Grosso do Sul, Ceará, Minas Gerais, São Paulo, Paraná, Rio Grande do Sul e Santa Catarina.