Projeto une ensino e arte para facilitar compreensão para alunos cearenses
As atividades foram inspiradas, principalmente, nos elementos que compõem as obras visitadas, como formas geométricas, luz, sombra e objetos tridimensionais
Por Paulo Henrique Gomes
Estudantes adoram atividades fora do ambiente de sala de aula. E o objetivo dos professores é utilizar o ambiente externo para fazer com que os alunos aprendam os conteúdos de uma maneira diferente. E muitas vezes isso dá certo, como foi o caso do professor Tiago Araújo. Ao todo, cerca de 230 alunos participaram do projeto do educador.
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Tiago dá aula de sociologia na unidade do Serviço Social da Indústria (SESI) da Parangaba, em Fortaleza. O professor levou seus alunos do primeiro ano do ensino médio para uma visita à exposição da 6ª edição do Prêmio Marcantonio Vilaça em Fortaleza, que teve como artista homenageado Sérvulo Esmeraldo. O cearense foi um artista brasileiro de escultura, gravura, ilustração e pintura, conhecido por seu rigor geométrico-construtivo e suas incursões no campo da arte cinética.
Ao visitar a amostra com os estudantes, Tiago procurou associar aspectos dos materiais expostos e programar ciclos de atividades que permitiam aos jovens associar as obras de arte com conteúdos de diversas disciplinas, além de despertar nos alunos uma visão relacionada ao mundo da arte. “O programa, nele a gente tentou pegar a exposição do Prêmio Marcantonio Vilaça, que tinha como homenageado o Sérvulo Esmeraldo. Ele tem várias artes, várias obras espalhadas pela cidade que fazem o uso da luz, das sombras, dos movimentos, e então a gente pensou nessa perspectiva e trabalhar esses conceitos de uma maneira mais lúdica, de produção artística com os estudantes”, disse o professor.
O Gerente-Executivo do SESI, Sérgio Gotti, destacou a qualidade e a característica multidisciplinar do projeto desenvolvido por Tiago Araújo. “Nós tivemos o Ceará, onde a gente traz toda a parte de arte contemporânea em um trabalho bem interdisciplinar, que envolve diversas disciplinas do ensino médio para se chegar à construção de um projeto, inclusive de construção de figuras geométricas com os alunos. São vários projetos realmente que a gente pode dizer que tem um nível de excelência, vamos dizer assim, superior aos projetos que a gente comumente vê no meio acadêmico, no meio das escolas”, afirma.
As atividades foram inspiradas, principalmente, nos elementos que compõem as obras visitadas, como formas geométricas, luz, sombra e objetos tridimensionais. Tiago planejou dois ciclos de atividades que permitiram aos estudantes conviver práticas similares ao fazer artístico do homenageado. O primeiro ciclo foi composto por atividades de exploração das possibilidades de tais elementos e tinha como objetivo fundamentar conceitos que serviram de aporte para as etapas seguintes, além de sensibilizar os estudantes nas relações com a arte, ciência e indústria. No primeiro momento, os estudantes construíram figuras, protótipos e móbiles de forma tridimensional. A criação foi realizada de acordo com a criatividade de cada aluno.
O segundo consistia em que os alunos desenvolvessem um processo de construção de um cubo de luz, onde em uma de suas faces, projeta-se uma narrativa construída pelos próprios estudantes. Dessa forma, os estudantes seguiram um passo a passo de uma estrutura básica elaborada previamente pelos professores, para em seguida inseri suas habilidades criativas, ou seja, partindo de uma estrutura comum do cubo de luz. Nessa construção foi necessário, principalmente, lançar mão de conceitos da geometria e da física mecânica para a execução da base do projeto.
O trabalho despertou diversos questionamentos na mente dos estudantes. E esse era, de fato, o objetivo do projeto. O incômodo e tais questionamentos representavam a ruptura das barreiras da interdisciplinaridade, fazendo com que os jovens compreendessem o caráter multidisciplinar ao passo em que foram incentivados a “colocar a mão na massa”, na perspectiva da cultura maker, que significa “faça você mesmo”, exigindo dos estudantes os múltiplos saberes adquiridos ao longo de todo o processo. É o que explica o professor Tiago Araújo. “O objetivo dele é tentar, na questão da cultura maker na perspectiva STEAM, que é o uso da ciência tendo a arte também nessa perspectiva. A relação arte, ciência e indústria”, afirma.
Premiação
O projeto Figuras, luz e sombras: A arte de fazer as coisas foi selecionado para representar o Departamento Regional do Ceará durante o 3º Encontro Nacional do Sistema Estruturado de Ensino da Rede SESI 2018.
O Gerente-Executivo do SESI, Sérgio Gotti, destaca a qualidade dos projetos premiados e o envolvimento dos alunos com os programas. “São projetos que foram desenvolvidos ao longo do ano, não foi uma coisa feita de última hora, e que teve o envolvimento muito claro e muito evidente dos nossos alunos. E você observa que a participação é impressionante, a gente observa, inclusive, que os alunos tiveram um engajamento enorme”, defende.
O evento reuniu representantes dos Departamentos Regionais de todo o país nos dias 29 e 30 de novembro, em Brasília. Ao todo, 20 experiências bem sucedidas desenvolvidas em unidades do SESI em diferentes cidades brasileiras foram expostas durante o evento.