Imagem: Serviço Geológico do Brasil/Divulgação
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AGROMINERAIS: Estudos devem alavancar commodities no Brasil

Retomada da economia chinesa e gastos de governos com programas de recuperação pós pandemia tornam estratégicos os projetos de pesquisa voltados para agrominerais; Serviço Geológico do Brasil identificou potássio na Bacia do Amazonas que amplia em 70% a potencialidade sobre depósitos de sais de potássio.

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Segundo o Ministério da Agricultura, a produção de alimentos no Brasil deve crescer 27% na próxima década, o que demandará um aumento no uso do fertilizante NPK – Fosfato, Potássio e Nitrogênio. Com isto, o Serviço Geológico do Brasil (SGB-CPRM) quer aproveitar o cenário de crescimento das commodities agrícolas para desenvolver projetos de pesquisa voltados para os agrominerais e tornar o País cada vez menos dependente da importação de fertilizantes. Atualmente, segundo dados da Associação dos Misturadores de Adubo do Brasil (Ama), 55% do fosfato e 96% do potássio são importados. Em 2020, o SGB-CPRM finalizou pesquisas voltadas para a prospecção dos insumos tradicionais. 

A empresa pública ligada ao MME identificou potássio na Bacia do Amazonas que amplia em 70% a potencialidade sobre depósitos de sais de potássio. 

Os geólogos confirmaram a existência de depósitos em Nova Olinda do Norte (AM), Autazes (AM) e Itacoatiara (AM), com reservas em torno de 3,2 bilhões de toneladas de minério, além de ocorrências em Silves (AM), São Sebastião do Uatumã (AM), Itapiranga (AM), Faro (PA), Nhamundá (AM) e Juruti (PA). 

Na região de Autazes, o potássio pode ser encontrado em até 850 metros de profundidade, com teor de 30,7% KCl. Em Nova Olinda, a profundidade varia em torno de 980m e até 1.200m, com teor médio de 32,59% KCl. A área estudada é semelhante à região de Urais, na Rússia, e de Saskatchewan, no Canadá, maiores exportadores do mundo. A descoberta posiciona a Bacia do Amazonas como área estratégica para abrigar depósito de classe mundial.

Em relação ao potássio, o SGB-CPRM iniciou em 2008 o projeto Fosfato Brasil que, até o momento, já identificou 40 áreas e gerou duas mil páginas de informações. Em 2009 havia 458 autorizações de pesquisa pela Agência Nacional de Mineração (ANM) no Brasil. Em uma década de pesquisa para indicação de novos alvos potenciais, o número mais que dobrou: em 2020, foram concedidas 983 autorizações, 46% em autorização de pesquisa e 76% de concessão de lavra para fosfato.

Entre as descobertas de potássio está o Carbonatito Três Estradas, no Rio Grande do Sul, em 2009. A jazida de fosfato recentemente obteve a licença prévia aprovada pela Fundação Estadual de Proteção Ambiental Henrique Luis Roessler (Fepam). O projeto Fosfato Três Estradas da Águia Fertilizantes prevê investimentos que superam R$ 400 milhões. “São considerados estratégicos os bens minerais dos quais o Brasil depende de importação em alto percentual para o suprimento de setores vitais de sua economia. É o caso dos insumos agrícolas”, explica o presidente do SGB-CPRM, Esteves Colnago. 

O SGB-CPRM também tem realizado pesquisas à procura de fontes alternativas, que utilizam o pó de rocha (rochagem) como remineralizador de solos. A utilização do pó de rocha, a partir dos descartes da mineração, é uma alternativa aos produtos remineralizadores químico-industriais por ser mais barata e abundante.

O pó de rocha como remineralizador de solos mostrou-se em muitos casos mais efetivo no aumento de produtividade por hectare, tornando também algumas culturas mais resistentes às pragas. Outro ponto positivo é que o reaproveitamento do resíduo da mineração segue os preceitos da Economia Circular e a busca constante pela sustentabilidade na mineração (“rejeito zero”).

“Essas ações, por muitas vezes, passam despercebidas pela sociedade civil, mas são de fundamental importância para o crescimento econômico do país e para o bem-estar da sociedade, tendo como resultado final a geração de emprego e renda e a melhoria da qualidade de vida”, comenta o diretor de Geologia e Recursos Minerais do SGB-CPRM, Marcio Remédio.

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