Doenças

15/05/2024 00:04h

Problema de saúde pública no Brasil, a doença afeta de 1 a 3 milhões de brasileiros, segundo estimativas das autoridades – muitas pessoas estão infectadas sem diagnóstico. Transmissão oral da doença ainda preocupa gestores. A eliminação da Doença de Chagas até 2030 é uma das metas do programa Brasil Saudável, do Governo Federal, que coordena ações de 14 ministérios para reduzir determinantes sociais e eliminar uma série de infecções e doenças como problemas de saúde pública para uma série de doenças socialmente determinadas

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Uma doença que parece distante, mas que pode estar mais perto do que a gente imagina — e trazer consequências graves para a saúde de quem não tem diagnóstico e não trata da maneira correta. Autoridades de saúde estimam que a doença de Chagas atinge de 1 a 3 milhões de brasileiros atualmente. 

“Hoje, temos, em média, notificados cerca de 300 a 400 casos novos agudos no país [por ano]. E imaginamos que pode haver uma subestimativa desse valor, por haver alguns pacientes que não diagnosticam”, afirma o médico Francisco Edilson Ferreira de Lima Júnior, coordenador-geral de Vigilância de Zoonoses e Doenças de Transmissão Vetorial do Ministério da Saúde, nesta entrevista ao Brasil 61. 

A seguir, o gestor do Ministério aborda os aspectos básicos da doença de Chagas e como esse problema de saúde é enfrentado e tratado no Brasil.

Brasil 61: O que é a doença de Chagas?

Francisco Edilson Ferreira de Lima Júnior: “Trata-se de uma doença infecciosa, causada por um protozoário chamado Trypanosoma cruzi, presente em animais silvestres. E esse animal silvestre pode transmitir para o inseto conhecido como barbeiro — ou chupão — e ele elimina o Trypanosoma cruzi nas suas fezes. É a partir daí que pode infectar o ser humano de várias formas”.

Brasil 61: Quais são as formas como a doença de Chagas se apresenta?

Francisco Edilson Ferreira de Lima Júnior: “Uma vez persistindo, a infecção vai desenvolver uma forma aguda, que pode ser subclínica ou manifestar sinais — como febre. Depois disso, [a infecção] entra numa forma que chamamos de ‘indeterminada’, que não consegue ser identificada — não tem sintomas clássicos. E, após algum tempo, que pode durar anos, pode desenvolver a forma crônica. E essa é uma forma que pode ser tanto cardíaca — que afeta o coração — como digestiva, podendo afetar o esôfago e o intestino. Se a pessoa tratar, tanto na fase aguda como na forma indeterminada, ela pode, sim, eliminar o Trypanossoma cruzi e não desenvolver essa forma crônica”.

Brasil 61: Como é feito o tratamento? 

Francisco Edilson Ferreira de Lima Júnior: “O tratamento é feito por um medicamento que o SUS fornece, o benznidazol. O medicamento que vem em comprimidos e que é produzido só pelo laboratório público brasileiro, é fornecido somente no SUS. O tratamento não é demorado, leva cerca de algumas semanas (60 dias) e pode ser fornecido na própria unidade de saúde. Quando o paciente busca a unidade de saúde, já será informado sobre a localidade onde o tratamento estará disponível”. 

Brasil 61: A pessoa que faz o tratamento de forma correta fica curado? 

Francisco Edilson Ferreira de Lima Júnior: “O tratamento tem maior eficácia quanto antes for feito. Na forma aguda (da doença), tem uma alta eficácia e, também, na forma indeterminada. Na forma crônica, dependendo do estágio que a doença tiver, o tratamento já não vai ter tanto efeito. Os tratamentos para a forma crônica são muito mais úteis para os sintomas. Para a forma cardíaca por exemplo, são necessários outros medicamentos para poder dar uma melhor qualidade de vida para o paciente, mas não para eliminar o protozoário”.  

Brasil 61: Qual a atual incidência da doença no país? 

Francisco Edilson Ferreira de Lima Júnior: “Hoje, temos, em média, notificados cerca de 300 a 400 casos novos agudos no país, (por ano). E imaginamos que pode haver uma subestimativa desse valor, por haver alguns pacientes que não diagnosticam e, principalmente, pela forma de transmissão oral — que é ingerindo alimentos que contenham o Trypanosoma cruzi vindo do barbeiro. Ou seja, ou o barbeiro foi triturado junto com o alimento ou que tinha fezes do barbeiro naquele alimento que não foi bem higienizado. Então a contaminação acontece pela forma oral, especialmente na região Norte”.

Brasil 61: Há estimativa de quantas pessoas vivem com a doença na forma crônica no país? 

Francisco Edilson Ferreira de Lima Júnior: “Não temos dados exatos, mas estimativas de que nós tenhamos de 1 milhão a 3 milhões de pessoas infectadas, que vivem com a doença. E muitos não sabem, não são diagnosticados. São pessoas que foram infectadas no passado, quando a forma de transmissão principal, há quatro décadas, era pela picada do Triatoma infestans — a espécie mais frequentemente encontrada nas casas das pessoas [à época], já eliminada no Brasil”.

Brasil 61: Qual a relação da infecção pela doença de Chagas e as condições de pobreza? 

Francisco Edilson Ferreira de Lima Júnior: “(Tem relação direta com) as condições como o alimento é higienizado, como pode ser consumido e a dependência que as pessoas têm de determinados alimentos em algumas regiões. São fatores que estão associados às condições em que as pessoas vivem que favorecem a transmissão aguda. E também outras condições, como as moradias, que ainda podem favorecer o barbeiro eventualmente colonizar”.

Brasil 61: Como o sistema de saúde faz o rastreio da doença de Chagas no Brasil? 

Francisco Edilson Ferreira de Lima Júnior: “O diagnóstico tem sido feito de forma passiva, as pessoas buscam o atendimento e podem ser ‘suspeitadas’ e diagnosticadas. O Brasil está com algumas iniciativas pelo Ministério da Saúde, avaliando a implementação deste rastreio ativo. O Ministério tem financiado projetos como o IntegraChagas-Brasil, um projeto que tem tanto na Amazônia quanto nas regiões Sudeste, Centro-Oeste e Nordeste, em que a gente está ‘triando’ [realizando teste de triagem] tanto mulheres em idade fértil, por conta do risco de transmissão vertical da mamãe para o bebê, quanto pessoas com histórico de contato com o barbeiro”. 

Brasil 61: Como se dá essa transmissão vertical da doença de Chagas?

Francisco Edilson Ferreira de Lima Júnior: “A gestante infectada [por Trypanosoma cruzi] pode passar (a doença), tanto durante a gestação quanto no parto. Então, é importante que essa gestante seja acompanhada e a criança, ao nascer, também seja monitorada para que possa fazer testes, exames e, eventualmente, o tratamento também. Porque a criança pode ser tratada e curada, já que as chances de cura são muito altas, se for tratada no início, assim que nasce”. 

Brasil 61: Como prevenir a forma clássica de transmissão da doença de Chagas? 

Francisco Edilson Ferreira de Lima Júnior: “A prevenção vai depender muito da forma de transmissão. A vetorial — quando o barbeiro se alimenta do sangue da pessoa —, geralmente acontece no período noturno, durante o sono. O barbeiro defeca, elimina suas fezes no local. E como o local da picada fica irritado, a pessoa coça, espalha aquelas fezes, facilitando a entrada do Trypanosoma cruzi pelo orifício deixado na picada [do barbeiro]. Para prevenir essa forma, principalmente em áreas onde há identificação do barbeiro, é evitar que ele entre na casa — usando mosquiteiro, telas na janela, vedar as frestas”. 

Brasil 61: As formas oral e vertical de transmissão da doença também podem ser evitadas? Como? 

Francisco Edilson Ferreira de Lima Júnior: “As outras formas, talvez a principal, seria a de transmissão oral — para os alimentos. Então, a principal forma de prevenção é higienizar bem os alimentos. Pois, em geral, isso acontece quando o barbeiro é moído junto com o fruto ou outro alimento e a pessoa não vê. Como se trata de um inseto relativamente grande [para identificar], se o alimento for bem higienizado, eliminamos grande probabilidade disso [contaminação do alimento] ocorrer. Além disso, para a forma de transmissão vertical — da mamãe para o bebê —, a principal forma de prevenção é a testagem da gestante e das mulheres em idade fértil para que tratem e evitem a transmissão para o bebê”. 

Brasil 61: Por meio do programa Brasil Saudável, o Ministério da Saúde e outros 13 ministérios trabalham para eliminar a doença de Chagas e outras doenças socialmente determinadas no país. É uma meta possível? 

Francisco Edilson Ferreira de Lima Júnior: “É uma meta bem desafiadora. Temos a meta de eliminar a transmissão vertical. A eliminação da doença de Chagas de uma forma geral, da forma aguda, por exemplo, é mais desafiadora ainda porque ocorre em geral por transmissão oral, são surtos residenciais, em comunidades rurais, populações afastadas que fazem seu alimento em casa. E isso requer um esforço um pouco maior para conseguirmos atingir essas populações. Mas acreditamos que é possível”. 

Doença de Chagas: eliminação da doença é um dos objetivos do programa Brasil Saudável

O Ministério da Saúde, por meio do programa Brasil Saudável — que tem como meta a eliminação de 11 doenças socialmente determinadas, entre elas a doença de Chagas —, listou 175 municípios onde o combate aos determinantes sociais relacionados a essas doenças é prioridade. De acordo com as diretrizes do programa, são localidades que possuem altas cargas de duas ou mais doenças ou infecções. A estratégia do programa busca “catalisar e potencializar as ações já existentes e/ou as capacidades de cada Ministério no atendimento às necessidades de populações e territórios mais afetados pelas doenças determinadas socialmente ou sob maior risco”.

A doença de Chagas tem tratamento no SUS e cura. Para isso, é fundamental que seja rastreada e tratada de forma correta. O diagnóstico pode ser feito por exame de sangue, nas unidades de Atenção Básica da rede pública. 

Para mais informações sobre a doença de Chagas e sobre o programa Brasil Saudável, acesse www.gov.br/saude.
 

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13/05/2024 00:02h

Nesta entrevista, o coordenador-executivo do Brasil saudável, o médico sanitarista e epidemiologista Draurio Barreira, diretor do Departamento de HIV, Aids, Tuberculose, Hepatites Virais e Infecções Sexualmente Transmissíveis do Ministério da Saúde, fala sobre o desafio eliminar doenças e infecções de transmissão vertical relacionadas à situação de pobreza

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Doença de Chagas, tuberculose, esquistossomose, filariose linfática, geo-helmintíase, malária, tracoma, oncocercose, hiv, /aids, hepatite B, sífilis e HTLV.

Essas doenças e infecções são responsáveis por milhares de mortes ao ano no Brasil. Segundo o Ministério da Saúde, só a tuberculose foi a causa da morte de mais de cinco mil pessoas em 2022. O que elas têm em comum? O fato de serem doenças determinadas socialmente. Ou seja, enfermidades relacionadas à condição de pobreza e à falta de saneamento, que atingem populações em situação de vulnerabilidade social e econômica. Mas a boa notícia é que no SUS é possível encontrar diagnóstico e tratamento de forma gratuita. 

Neste contexto, o Governo Federal criou, em fevereiro deste ano, o programa Brasil Saudável. Coordenado pelo Ministério da Saúde, o Programa reúne esforços deste e de outros 13 ministérios para reduzir a transmissão e a mortalidade dessas doenças e infecções.

Por meio do Programa, as pastas estão atuando em frentes, com foco no enfrentamento à fome e à pobreza, na ampliação dos direitos humanos e proteção social para populações e territórios prioritários. Há ainda a previsão da qualificação de trabalhadores, movimentos sociais e sociedade civil, de incentivos à inovação científica e tecnológica para diagnóstico e tratamento, e da ampliação das ações de infraestrutura e de saneamento básico e ambiental. 

O coordenador-executivo do Programa Brasil Saudável e diretor do Departamento de HIV/Aids, Tuberculose, Hepatites Virais e Infecções Sexualmente Transmissíveis do Ministério da Saúde, Draurio Barreira, conversou com o Brasil 61 e falou sobre a ação — na perspectiva da saúde pública — e sobre o panorama dessas doenças no país.

Brasil 61: O que é o Brasil Saudável?

Draurio Barreira: “É o Brasil retomando seus compromissos internacionais e se comprometendo a eliminar uma série de doenças até 2030, enquanto problema de saúde pública. Até essa data, acabar com as epidemias de aids, tuberculose, malária e doenças tropicais negligenciadas, e combater a hepatite e doenças transmitidas pela água, e outras doenças transmissíveis”.

Brasil 61: O que são as doenças socialmente determinadas?

Draurio Barreira: “São as que têm cura, formas de eliminar, mas por questões sociais continuam existindo. De todas as doenças do Brasil Saudável, sete delas não existem no Hemisfério Norte, já foram eliminadas. Só existem em países pobres ou em desenvolvimento. Isso é vergonhoso para um país [Brasil] que é a nona economia do mundo ainda conviver com doenças que não são do século passado — são de três milênios antes de Cristo. A gente poderia traduzir, de forma bem simples, como doenças causadas pela pobreza”.
 

Brasil 61:  Quais são elas?

Draurio Barreira: “Escolhemos 11, pois são as prevalentes no Brasil. A doença de Chagas, esquistossomose, filariose linfática, geo-helmintíase, malária, oncocercose e tracoma — essas sete são doenças que vamos eliminar — e não ter mais no Brasil, com transmissão igual a zero. E outras quatro, que não vamos eliminar até 2030 de forma a ter transmissão igual a zero, mas vamos atingir as metas da OMS, que são: tuberculose, aids, hepatites virais e hanseníase”.

Brasil 61: A eliminação da chamada transmissão vertical de algumas infecções- da mãe para o bebê - também está prevista no programa?

Draurio Barreira: “Temos cinco infecções que são transmitidas de mãe para filho durante a gestação ou durante a amamentação. Que são a doença de Chagas, o HIV, o HTLV — outro vírus parente do HIV —, a hepatite B e a sífilis congênita”.

Brasil 61: As doenças incluídas no Programa têm cura?

Draurio Barreira: “Todos os anos, morrem milhares de pessoas acometidas por essas doenças. Doenças que têm tratamento. A maioria tem cura. Podemos curar todas as doenças do Brasil Saudável e, de fato, eliminá-las enquanto problema de saúde pública. A única doença [causada pela infecção do vírus HIV] que ainda não tem cura, mas tem tratamento é a aids. Então, não há justificativa para que as pessoas morram dessas doenças. E esse é o objetivo do programa”.

Brasil 61: Que regiões do Brasil essas doenças estão mais presentes?

Draurio Barreira: “Estamos falando de 11 doenças. Então, algumas delas são disseminadas em todo o país. Tem aids, tuberculose, hanseníase e hepatite no país inteiro. Tem lugares que concentram mais [cargas das doenças], principalmente nos grandes centros urbanos. Mas tem algumas doenças limitadas geograficamente. Malária, por exemplo, só tem na região Amazônica. Então, se você pegar o mapa dos 175 municípios alvos do Programa Brasil Saudável, temos todas as capitais, porque têm muita gente e concentração de doenças, pobreza e desigualdade social”.

Brasil 61: De que forma essas doenças reduzem a expectativa de vida das pessoas infectadas?

Draurio Barreira: “Hoje, se olharmos para essas 11 [doenças], a tuberculose tornou-se a doença que mais mata no mundo; por ano, 1,5 milhão de pessoas morrem de tuberculose. No Brasil, ano passado, oito mil pessoas morreram por causa da tuberculose. E a gente está falando de pessoas que morrem jovens, tanto para HIV, /aids, quanto para tuberculose. A maioria morre na fase mais produtiva de sua vida — ou seja, adultos jovens, de 20 a 49 anos”.

Brasil 61: Qual a importância de eliminar essas doenças — ou reduzir a índices muito baixos?

Draurio Barreira: “É perfeitamente atingível a meta de eliminar — pelo menos — sete dessas doenças. E as outras quatro: aids, tuberculose, hepatites e hanseníase, atingir metas que passam a caracterizar a existência de uma doença que já não é mais um problema de saúde pública. Tem doenças raras — que não vamos eliminar — mas não serão mais problemas de saúde pública. Queremos tornar a aids, tuberculose, hepatites e hanseníase também como doenças raras. E é possível atingir essas metas e é possível eliminar todas essas doenças que já não existem nos países ricos”.

Brasil 61: Como costuma ser a transmissão dessas doenças?

Draurio Barreira: “Infelizmente, nessas 11 doenças, temos todas as formas possíveis de transmissão. Por isso, precisamos de um esforço tão grande com tantas áreas de diferentes setores. Pois sem saneamento básico, sem o fim de certos vetores, como o barbeiro — que traz a doença de Chagas —, sem a eliminação da transmissão respiratória — como a tuberculose —, ou sexual, como aids e as hepatites, a gente não consegue eliminar. O problema é multifacetado, exige uma resposta muito diferenciada e, por isso, a importância de juntar os 14 ministérios”.

Brasil 61: Além dos 14 ministérios e parceiros, quem são os atores fundamentais para o bom andamento do programa?

Draurio Barreira: “Não conseguiremos eliminar doenças sem a participação da sociedade civil, especialmente das pessoas afetadas, que são as mais comprometidas com o fim dessas doenças. Uma pessoa que vive com HIV pode te ajudar muito na adequação da sua resposta àquele problema — ninguém conhece mais o problema do que a pessoa acometida por ele. Então, não podemos pensar em eliminar uma doença sem contar com a participação das pessoas que sofrem direta ou indiretamente. As pessoas afetadas — não apenas as pessoas doentes — mas afetadas por essas doenças e os movimentos sociais de lutas contra essas doenças”.

Para atingir a meta, o governo conta com o apoio das organizações governamentais, mas também com o engajamento de toda a sociedade civil. Para isso, foram mapeadas 175 cidades onde pelo menos duas dessas doenças prevalecem e uma busca ativa envolvendo diversos órgãos municipais e estaduais está sendo feita para que as metas sejam atingidas. Para saber mais sobre o programa Brasil Saudável, acesse: www.gov.br/saude.
 

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13/05/2024 00:01h

Na fase aguda, a doença de Chagas provoca febre, dores de cabeça e cansaço. Mas sem tratamento, pode evoluir para fase crônica e afetar órgãos como o coração, intestino e o esôfago. É uma das 11 doenças e 5 infecções socialmente determinadas a terem cargas de transmissão e mortalidade reduzidas pelo programa Brasil Saudável, do Governo Federal , com ações coordenadas de 14 ministérios.

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Nos livros de Ciências, ela está presente e é muito falada durante a escola: doença de Chagas — causada por um protozoário (Trypanosoma Cruzi) e transmitida pela picada do barbeiro. Para muita gente, a história com a doença termina aí. Mas essa não é a realidade de muitos brasileiros. Oitenta por cento dos pacientes que recebem implante de marcapasso, em procedimentos realizados no Hospital de Base de Brasília, no Distrito Federal, deram entrada na unidade com problemas cardíacos causados pela doença de Chagas. É o que relata o cirurgião cardiovascular José Joaquim Vieira Junior. O especialista trabalha na unidade de referência regional na rede do SUS em cirurgias cardíacas, onde são realizados 600 implantes anuais desse dispositivo que controla os batimentos do coração em casos de arritmias. 

A estimativa do especialista ilustra a persistência desta doença secular, descoberta pelo médico sanitarista Carlos Ribeiro Justiniano Chagas, em 1909, como problema de saúde pública, com baixa notificação. 

Informação de boletim epidemiológico do Ministério da Saúde, publicado em abril deste ano, sobre notificações da doença de Chagas, reforça isso. O documento destaca: “apenas 7% das pessoas com doença de Chagas são diagnosticadas, e somente 1% recebe tratamento adequado no século XXI”. “[A Doença de Chagas] Segue ainda nos dias de hoje acometendo principalmente pessoas com alta vulnerabilidade social, podendo gerar intensos impactos na qualidade de vida, em especial a incapacidade, o medo e o estigma”, reforça o documento.

Segundo o levantamento, entre janeiro de 2023 e janeiro de 2024, 5,4 mil casos confirmados de doença de Chagas crônica, de 710 municípios, foram registrados no sistema e-SUS Notifica. Além disso, autoridades de saúde estimam que entre 1 milhão e 3 milhões de pessoas tenham a doença no país, representando perigo para moradores de áreas endêmicas, concentradas nas regiões Norte e Nordeste brasileiras. Consta ainda como uma das 11 doenças e 5 infecções socialmente determinadas a terem cargas de transmissão e mortalidade reduzidas, num esforço conjunto de 14 ministérios no programa Brasil Saudável, do Governo Federal. 

Se não identificada no início da infecção, a doença de Chagas pode se tornar crônica e atacar órgãos como esôfago, intestino e coração. Outra estimativa apontada pelo boletim do Ministério é a de que entre 30% e 50% dos pacientes desenvolverão a forma de cardiopatia crônica. Essa condição médica possui três formas de apresentação clínica: síndrome arrítmica, insuficiência cardíaca e complicações tromboembólicas sistêmicas e pulmonares. 

Doença de Chagas: ‘Mega coração’ e necessidade do marcapasso

“O parasita atinge a musculatura cardíaca e faz uma espécie de inflamação no músculo cardíaco, levando à degeneração das fibras, causando um aumento da área do coração. Como se você esticasse um elástico por muito tempo e ele ficasse frouxo. Conhecido como o 'mega coração'”, explica o cirurgião José Joaquim Vieira Junior.

“É o primeiro acometimento — o coração. Geralmente, é o mais trágico e o que as pessoas se preocupam mais. A maioria dos pacientes que colocam dispositivos cardíacos na nossa região é por doença de Chagas”, complementa o médico do DF.

Considerada multissistêmica, a doença de Chagas é caracterizada por uma fase aguda — que pode durar até algumas semanas ou meses — apresentando frequentemente sintomas leves ou pode ser até mesmo assintomática. Mas também existe a fase crônica. E é assim que o vigilante Carlos José Rosa, de 56 anos, morador do Gama, no Distrito Federal, convive com Chagas há mais de 40 anos. Ele contraiu a doença ainda menino, em Goiás. Aos 12 anos, teve o primeiro sintoma — um estreitamento no esôfago — que foi resolvido com cirurgia.

Anos mais tarde, quando Carlos tinha 38 anos, os primeiros problemas cardíacos começaram a surgir e mais uma cirurgia, dessa vez para a implantação de um marcapasso, foi feita. “O coração estava ruim, perdendo batimento cardíaco — batendo a 25 por minuto —, pressão a 6 por 4. Foi quando fiz a implantação do marcapasso que resolvi esse problema. O batimento normal passou para 60 e a pressão voltou ao normal”, relata. 

Mas Carlos sabe que a doença Chagas crônica pode afetar outros órgãos, como intestino, por exemplo. Segundo ele, já aprendeu a conviver com a doença e quando um novo órgão é afetado, ele vai “trocando as peças”.

Doença de Chagas: transplante de coração

O coração do aposentado e morador de Samambaia, no Distrito Federal, Adelino da Costa Lima, de 51 anos, também foi o órgão mais afetado pela doença de Chagas. Há 30 anos, ele foi infectado pela doença, em Bonfinópolis de Minas (MG), no noroeste mineiro. Em 2011, precisou implantar um marcapasso para ajustar os batimentos cardíacos. Mas em 2019, o órgão foi ficando mais fraco e só um transplante seria capaz de salvar a vida dele. Adelino recebeu o novo coração. Mas conta que conviver com a Chagas exige cuidados. 

“A partir do momento que a pessoa descobre e acusa a doença, todo ano é preciso fazer exames para descobrir se a doença está se desenvolvendo ou não”, explica Lima.

Doença de Chagas: alta incidência no estado do Pará 

No Brasil, o estado com maior incidência da doença é o Pará — responsável por 80% das ocorrências. As informações são da Secretaria de Estado de Saúde Pública do estado. Em 2022, foram 352 casos confirmados. 

Uma doença silenciosa, que pode impactar diversos órgãos do corpo e até mesmo levar à morte, como explica o coordenador estadual do Programa de Controle da Doença de Chagas no Pará, Eder Monteiro.

“Pode levar a complicações cardíacas graves como insuficiência cardíaca, congestiva, problemas gastrointestinais, podendo resultar em óbito em casos mais graves. No Pará, a prevalência varia de acordo com as regiões, mas estima-se que uma parcela significativa da população esteja em risco de infecção. Especialmente em áreas rurais ou em condições socioeconômicas desfavoráveis”, analisa Monteiro.

Doença de Chagas: eliminação da doença é um dos objetivos do programa Brasil Saudável

O Ministério da Saúde, por meio do programa Brasil Saudável — que tem como meta a eliminação de 11 doenças socialmente determinadas, entre elas a doença de Chagas —, listou 175 municípios onde o combate aos determinantes sociais relacionados a  essas doenças é prioridade (ver mapa abaixo). De acordo com as diretrizes do programa, são localidades que possuem altas cargas de duas ou mais doenças ou infecções. A estratégia do programa busca “catalisar e potencializar as ações já existentes e/ou as capacidades de cada Ministério no atendimento às necessidades de populações e territórios mais afetados pelas doenças determinadas socialmente ou sob maior risco”.

MAPA MUNICÍPIOS PRIORITÁRIOS DO BRASIL SAUDÁVEL

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“Escolhemos 11, pois são as prevalentes no Brasil. A doença de Chagas, esquistossomose, filariose linfática, geo-helmintíase, malária, oncocercose e tracoma — essas sete são doenças que vamos eliminar — e não ter mais no Brasil, com transmissão igual a zero”, explica o coordenador-executivo do Brasil Saudável e diretor do Departamento de HIV/Aids, Tuberculose, Hepatites Virais e Infecções Sexualmente Transmissíveis do Ministério da Saúde, Draurio Barreira. O gestor completa: “E outras quatro, que não vamos eliminar até 2030 de ter transmissão igual a zero, mas vamos atingir as metas da OMS, que são: tuberculose, aids, hepatites virais e hanseníase”.

Além dos municípios do Pará, a doença de Chagas aparece também em cidades do Nordeste (ver mapa abaixo), como os municípios pernambucanos de Carnaubeira da Penha e Correntes; e nos alagoanos Santana do Mundaú e Capela. No Amazonas, a doença está presente em municípios como Barcelos, Lábrea, Uarini, Ipixuna e na capital Manaus. No Acre, em Cruzeiro do Sul. Mas na capital do país, Brasília, a doença também aparece e precisa ser rastreada e tratada. 

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“As regiões Norte e Nordeste são consideradas áreas endêmicas para doença de Chagas devido às condições favoráveis ao ciclo de transmissão do parasita.  Condições precárias de moradia e a falta de saneamento básico contribuem para a proliferação dos insetos vetores e aumenta o risco de infecção pela doença de Chagas”, avalia Eder Monteiro.

Doença de Chagas: tipos de transmissão e como prevenir (Fonte: Ministério da Saúde)

A doença de Chagas é transmitida pelo barbeiro infectado — que ao picar uma pessoa sadia deposita fezes contaminadas no ferimento — permitindo a entrada do parasita Trypanosoma cruzi na corrente sanguínea. É a chamada transmissão vetorial.

Para evitar que o barbeiro entre em casa e forme colônias, o Ministério da Saúde recomenda o uso de mosquiteiros ou telas metálicas em janelas e a aplicação de inseticidas residuais realizada por equipe técnica habilitada. Também preconiza o uso de repelentes, roupas de mangas longas, durante atividades noturnas em áreas de mata.

A doença também pode ser transmitida por via oral — por meio de alimentos contaminados pelas fezes do Trypanosoma cruzi — devido à falta de controle de higiene e de cuidados no momento do processamento. “A principal forma de prevenção é higienizar bem os alimentos. Pois, em geral, isso acontece quando o barbeiro é moído junto com o fruto ou outro alimento e a pessoa não vê. Como se trata de um inseto relativamente grande [para identificar], se o alimento for bem higienizado, eliminamos a grande probabilidade de a contaminação do alimento ocorrer”, explica o médico Francisco Edilson Ferreira de Lima Júnior, coordenador-geral de Vigilância de Zoonoses e Doenças de Transmissão Vetorial do Ministério da Saúde

A terceira forma de transmissão é a vertical, quando a gestante infectada por Trypanosoma cruzi pode passar para o bebê durante a gestação ou no parto. De acordo com Francisco Edilson Ferreira de Lima Júnior, é importante que essa gestante seja acompanhada e a criança, ao nascer, também seja monitorada para que possa fazer exames. “Porque a criança pode ser tratada e curada, já que as chances de cura são muito altas se for tratada no início, assim que nascer”, completa o gestor. 

Doença de Chagas: principais sintomas e diagnóstico

Os principais sintomas — na fase aguda — são dor de cabeça, febre, cansaço, edema facial e dos membros inferiores, taquicardia, palpitação, dor no peito e falta de ar. Como os sintomas iniciais parecem com os de outras doenças, a pessoa deve procurar a unidade de saúde mais próxima de casa para atendimento médico imediato e exames.

O diagnóstico precoce é fundamental nos casos de doença de Chagas, pois quanto mais tempo leva para o paciente iniciar o tratamento, mais danos o parasita causa ao organismo, principalmente no coração e sistema digestivo.

Um paciente com suspeita da doença precisa ser logo notificado e imediatamente encaminhado para exame e início do tratamento. Assim, o paciente com Chagas recebe medicamento específico por dois meses e permanece sob acompanhamento pelo período de cinco anos na atenção básica municipal e, quando necessário, por especialista - cardiologista, infectologista e gastroenterologista.

Doença de Chagas: rastreio e tratamento no SUS

“O rastreio e o tratamento da doença de Chagas, no Pará, são bem acessíveis. Qualquer pessoa que esteja em área endêmica, que apresente algum sintoma, como a febre persistente, procurando unidades básicas de saúde ou de pronto atendimento — e se tiver suspeita de Chagas na fase aguda —, imediatamente são feitos os exames parasitológicos e sorológicos. Caso dê positivo, logo em seguida, é feito tratamento com medicamento específico”, explica Eder Monteiro. 

Segundo o Ministério da Saúde, o tratamento da doença de Chagas deve ser indicado por um médico, nas unidades de saúde do SUS, após a confirmação da doença. O remédio benznidazol é fornecido gratuitamente para pessoas com a doença na forma aguda. Para as pessoas na fase crônica, a indicação deste medicamento depende da forma clínica e deve ser avaliada caso a caso.

Para mais informações sobre a doença de Chagas e sobre o programa Brasil Saudável, acesse www.gov.br/saude.

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07/05/2024 00:03h

Livre da doença desde 2006, Brasil vai pleitear reconhecimento internacional

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Após o anúncio do fim da vacinação contra a febre aftosa no Brasil, o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) vai agir em outras frentes para continuar com o Plano Estratégico do Programa Nacional de Erradicação da Febre Aftosa. 

Mais de 244 milhões de bovinos e bubalinos em cerca de 3,2 milhões de propriedades deixarão de ser vacinados como estratégia de proteção.

O diretor de Saúde Animal do Ministério da Agricultura e Pecuária, Marcelo Mota, explica que foram criados três eixos principais para nortear as próximas ações. 

“O fortalecimento do serviço veterinário, no estabelecimento de uma estratégia de vacina para o caso de uma introdução de doença; um banco de vacina para estratégia focal e o fortalecimento das ações dos fundos de compensação para o caso de emergência. Porque no caso da ocorrência de uma eventual introdução desse vírus no futuro, nós tenhamos os recursos financeiros disponíveis para compensar os produtores agrícolas que vão ser prejudicados por essa ação”. 

Sem a vacina, a estruturação e o fortalecimento no serviço veterinário brasileiro de excelência, além da parceria com órgãos estaduais de defesa sanitária animal, são fundamentais para proteger os rebanhos.

O médico veterinário Lucas Edel ressalta como as recomendações do plano devem continuar sendo seguidas para que não haja o retorno do vírus. 

“As ações de vigilância, de coleta de amostras biológicas dos animais, de uma forma randomizada, aleatória, de cada estado, são uma forma de a gente monitorar se o vírus está vindo, está circulando ou não. Então, a circulação e o aumento da fiscalização das fronteiras, principais fronteiras mais problemáticas como com o Paraguai e Bolívia”, pontua.

Benefícios  

A erradicação com a suspensão da vacinação traz benefícios para o setor agropecuário e é vista com bons olhos pelo mercado internacional, já que significa que o país tem um bom serviço para identificar doenças e aumenta a confiança dos consumidores e dos parceiros comerciais na qualidade dos produtos, como observa o advogado especialista em direito animal Luciano De Paoli. 

“Essa carne não é só consumida no Brasil, ela também é exportada, então ficando livre da doença, faz com que o mercado interno e externo acabe tendo grande lucratividade. E Brasil ficando livre de zoonoses, dá um patamar superior em igualdade com países desenvolvidos”, comenta.

De acordo com o Mapa, o pedido de reconhecimento do país vai ser realizado em agosto e o resultado, se aprovado, será apresentado em maio de 2025. 

O reconhecimento internacional do status sanitário de livre de febre aftosa sem vacinação ao país é feito pela Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA). No Brasil, Santa Catarina, Paraná, Rio Grande do Sul, Acre, Rondônia e partes do Amazonas e do Mato Grosso são reconhecidas como zonas livres da doença pela organização. 

Para obter esse reconhecimento, a vacinação contra a febre aftosa deve ser suspensa, com proibição de ingresso de animais vacinados nos estados por 12 meses, no mínimo. 

O fim da imunização significa também uma redução de custo direta, de mais de R$ 500 milhões com a aplicação. Os lotes de vacina restantes no país podem ser doados, caso haja países interessados. 

Como identificar a doença

A febre aftosa é uma doença infecciosa aguda e considerada como uma zoonose, ou seja, caso o vírus entre em contato com os seres humanos, é transmitido de animais para pessoas. Não é letal, mas é de difícil controle por causa da alta capacidade de transmissibilidade.

“Ela é transmitida basicamente por gotículas de aerossol, onde o vírus está presente. Na maioria das vezes ela causa lesões orais, tem esse nome febre aftosa, porque causam aftas, e geralmente são aftas na boca, na mucosa de uma forma geral e também no casco. Ali também podem surgir lesões semelhantes a uma afta e também nos tetos dos animais. Esses são os principais sinais clínicos da febre aftosa”, explica Lucas Edel. 

Desde 2006 não são registrados casos da doença em território nacional.

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06/05/2024 03:00h

Piauí, Acre e Maranhão são as unidades da federação com as taxas mais elevadas

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Já estamos quase alcançando o prazo para o Brasil cumprir o compromisso de universalização do saneamento básico, mas — ainda assim — existem brasileiros que desconhecem a realidade dos serviços. Cerca de 1,2 milhão de pessoas vive sem banheiro ou sequer um vaso sanitário em casa. São 367 mil domicílios em condições precárias de moradia. O número corresponde a 0,6% da população nessas condições. Os dados são do Censo Demográfico 2022, divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). 

Na opinião do diretor executivo da ABCON SINDCON (associação das operadoras privadas de saneamento), Percy Soares Neto, a pesquisa só mostra que o saneamento básico ainda é um problema estrutural que não será resolvido no curto prazo. Para ele, o marco legal do saneamento é a oportunidade de oferecer infraestrutura para que as regiões que carecem de serviços melhores consigam ter condições adequadas de moradia 

“O emprego dessas soluções alternativas é recebido pelo marco do saneamento, então o marco do saneamento reconhece nessas situações que as soluções alternativas devem ser implementadas e devem ser consideradas aí como soluções”, avalia. 

De acordo com a pesquisa, Piauí (5,0%), Acre (3,8%) e Maranhão (3,8%) foram as unidades da federação com as taxas mais elevadas. Em 24 municípios brasileiros, a proporção da população residindo em domicílios com banheiro de uso exclusivo era inferior a 50%. Por outro lado, em 415 municípios todos os domicílios particulares permanentes ocupados recenseados possuíam banheiro de uso exclusivo.

Ainda conforme o levantamento, em relação às instalações sanitárias mais simples, em 1.529 municípios todos os domicílios recenseados possuíam ao menos sanitário ou buraco para dejetos; enquanto em 169 municípios mais de 10% da população residia em casas sem banheiro, sanitário ou buraco.

Mais atenção do poder público, uma necessidade

A advogada e presidente da Comissão de Saneamento da OAB Nacional, Ariana García, considera o processo de regionalização o ponto principal do Novo Marco Legal do Saneamento. Ela diz que ainda existem regiões que precisam de mais atenção do poder público.

“A regionalização tem outros aspectos muito importantes que precisam ser considerados com muito cuidado, que é o compartilhamento da titularidade por se tratar de uma prestação regionalizada, o respeito ao município, que é sobretudo o respeito aos usuários que serão atendidos, que às vezes se perdem nessa discussão para a supervalorização de quem vai prestar esse serviço na regionalização”, observa.  

Os dados do Censo 2022 mostram que o perfil dos habitantes com essa privação indica que as pessoas autodeclaradas pardas prevaleceram no total da população em privação de banheiro, respondendo por 73,7% do total em 2022. Já a população autodeclarada branca respondeu por 13,8% enquanto a autodeclarada preta, representam 10,6%.
 

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06/04/2024 00:03h

O número foi maior do que o registrado em 2022, segundo Trata Brasil

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Com uma realidade ainda muito precária de saneamento básico no país, o Brasil registrou 191 mil internações por doenças de veiculação hídrica no ano passado, provenientes de água sem tratamento. O número foi maior do que o registrado em 2022, 143 mil, o que corresponde a 84,2% da população sem acesso à água. Ao todo, cerca de 32 milhões de habitantes não têm acesso à água e mais de 90 milhões vivem sem coleta de esgoto. Uma nova pesquisa do Instituto Trata Brasil  revela dados assustadores, segundo a presidente executiva Luana Pretto.

“Quando a gente pensa que a taxa de internações por doenças de veiculação hídrica a cada 10 mil habitantes está associada ao acesso ao saneamento básico, isso fica muito claro quando a gente analisa os dados. O Brasil, de uma maneira geral, tem uma incidência de 9,43 internações por doentes de veiculação hídrica para cada 10 mil habitantes. É um número muito alto”, analisa.

O médico infectologista Hemerson Luz explica que muitas doenças aparecem como resultado da falta de saneamento básico, como poluição da água e más condições de higiene. Ele mostra preocupação com a falta de serviços adequados à população no Brasil e lembra que a água potável é elemento essencial para a vida.

“Quando não há segurança nos recursos hídricos, doenças como infecções intestinais causadas por bactérias, vírus e protozoários, além da hepatite A, e a própria dengue que se relaciona com a água empoçada que se torna um criadouro para o mosquito vetor podem também ter um impacto importante nas pessoas”, observa. 

Com base nos indicadores de saúde do DATASUS (2022) presentes no Painel Saneamento Brasil, plataforma do ITB que contempla indicadores dos serviços básicos de 893 localidades brasileiras, o Trata Brasil revela que existem municípios em situação precária e aqueles que precisam melhorar o desempenho e avançar ainda mais, como Juazeiro do Norte (CE) que tem uma população de 70.874 habitantes sem acesso à água limpa __ o que corresponde a 24,8% da população. O levantamento mostra que ocorreram 136 internações totais por doenças de veiculação hídrica e 1 morte.

De acordo com a presidente executiva do Instituto Trata Brasil, Luana Pretto, a diarreia aparece como a maior causa de internações. Só em 2022  ela diz que foram 141 mil casos grave da doença e ainda acrescenta que, grande parte dos casos de morte são crianças com episódios de diarreia aguda. “Essas doenças são totalmente evitáveis com acesso pleno ao saneamento básico”, lembra.

A partir da aprovação novo marco legal do saneamento (Lei nº 14.026), que aconteceu em 15 de julho de 2020, todos os municípios brasileiros precisam atender 99% da população com serviços de água potável  —  e ao menos 90% dos habitantes com coleta e tratamento de esgoto, até 2033.  
 

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01/04/2024 00:05h

Trocar o consumo de produtos industrializados por alimentos naturais pode ser um passo importante para reduzir os riscos de doenças fatais

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A má alimentação e a falta de atividade física são os principais riscos para a saúde da população global, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). A entidade alerta que as mudanças no estilo de vida das pessoas alteraram o padrão de consumo alimentar. Além disso, o aumento na produção de alimentos processados contribui para que as pessoas passem a consumir mais gordura, açúcar e sal. De acordo com a OMS, uma alimentação saudável pode ajudar a evitar problemas como diabetes, doenças cardiovasculares, acidente vascular cerebral (AVC) e até mesmo câncer. 

A estudante de psicologia Jéssica Soares, de 31 anos, sentiu na pele a importância de comer bem. A moradora de Brasília conta que, devido à rotina de trabalho e estudos, se descuidou da alimentação e passou a consumir alimentos rápidos na rua — os famosos fast food —  até ser diagnosticada com gastrite em 2020, após sentir fortes dores estomacais. O médico, então, recomendou uma mudança nos hábitos alimentares. 

“Depois disso, eu cortei vários tipos de alimentos da minha vida como café, comidas gordurosas, refrigerantes, frituras, bebidas alcoólicas, hambúrguer e vários outros. Depois dessas mudanças de hábito, a minha vida melhorou muito. Fiz novamente os exames e não tenho mais gastrite. A minha qualidade de vida melhorou muito depois disso, tanto na questão do tratamento da gastrite que eu não tenho mais, quanto em questões psicológicas que eu tinha também, como ansiedade”, afirma a estudante.   

A nutricionista especialista em nutrição funcional Ana Máximo afirma que uma alimentação saudável é aquela em que o consumidor “descasca mais do que desembrulha” — uma referência à necessidade de se consumir, por exemplo,  frutas no lugar de produtos industrializados. Ela recomenda ir mais à feira que ao supermercado; e, na hora do almoço ou jantar, compor o prato com 50% de vegetais, 25% de carboidratos, como o popular arroz e feijão, e 25% de proteínas, como carne vermelha e frango sem gordura.

“Quer ter uma alimentação mais natural? Vai mais à feira, coma mais frutas e legumes. Evite produtos industrializados o máximo possível, produtos que tenham sido manipulados. Então, se está ali um biscoito, ele foi manipulado no supermercado. Quanto mais manipulado, menos saudável é. Então, tente fazer suas refeições em casa. Tente fazer seus alimentos em casa. Isso vai fazer com que você melhore muito a qualidade alimentar”, sugere a especialista.

Dicas de saúde

  • Evite o consumo de alimentos ricos em calorias e industrializados, gordurosos e salgados;
  • Aumente o consumo de frutas, verduras e legumes, cereais integrais e feijões;
  • Beba bastante água;
  • Reduza ou evite o consumo de bebidas alcoólicas e o uso do cigarro;
  • Faça exames preventivos e consulte sempre o seu médico;
  • Faça exercícios físicos regulares, diariamente ou pelo menos três vezes por semana, após avaliação médica;
  • Durma pelo menos 8h em um período de 24h.

Fonte: Ministério da Saúde

Ultraprocessados

Um estudo realizado por pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) em 2023 mostra que cerca de 57 mil pessoas morrem por ano de forma prematura por consumirem alimentos ultraprocessados  — como refrigerantes, salgadinhos e produtos congelados prontos para o consumo. O número corresponde a 10,5% de todas as mortes precoces de adultos entre 30 e 69 anos no Brasil, segundo a pesquisa.  

Esses produtos apresentam deficiências nutricionais que deixam o corpo humano mais vulnerável a doenças crônicas não transmissíveis (DCNT). Uma delas é o câncer, responsável por 9,7 milhões de mortes em 2022, conforme dados da OMS divulgados em 2024. Ainda segundo a entidade, também em 2022, 43% dos adultos estavam acima do peso. 

Ana Máximo explica que todos os nutrientes que o corpo humano precisa estão nos alimentos. Isso significa que uma alimentação sem os nutrientes necessários pode causar doenças com potencial de levar à morte. Assim, trocar aquele biscoito recheado por uma banana pode parecer um gesto simples, mas é um passo importante para  evitar problemas — e ter uma vida mais saudável.

“Uma anemia pode levar a uma leucemia, você pode ter problemas neurais graves, um diabetes que a gente sabe que pode desenvolver, através dessa alimentação — e pode ir para uma diabetes tipo 2, na qual você fica dependente de insulina e aí corre o risco de ter amputação. Tem a questão da hipertensão também. Então, se você faz um alto consumo de sódio, você não faz aquele equilíbrio adequado na sua alimentação, você pode ter um problema de infarto, você pode ter uma leucemia, você pode ter uma demência”, alerta. 

31 de março, Dia Nacional da Saúde e Nutrição

O Dia Nacional da Saúde e da Nutrição é celebrado em 31 de março. Neste ano, a data coincide com a Páscoa, feriado cristão que marca a ressurreição de Jesus Cristo. Ao longo dos anos, a troca de ovos de chocolate passou a fazer parte da celebração. Assim, muitas pessoas têm dúvida se podem ou não aderir à prática e consumir chocolate na data. A nutricionista Ana Máximo responde.

“Coma o seu bacalhau, coma o seu chocolate. Isso não vai fazer com que você fique doente, desde que você faça o consumo com moderação. Evite fazer o consumo o dia todo de chocolate. Mas tire aquele momento ali para comer com a família, para comemorar com a família. Beba bastante água para fazer a eliminação dos minerais que ali contém e não serão absorvidos pelo seu corpo, para diluir o açúcar consumido. No outro dia, aja normalmente, volte para sua alimentação normal”, pontua a especialista. 

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23/02/2024 20:45h

Mapa planeja apresentar um estudo à Organização Mundial de Saúde Animal para reconhecimento internacional dos estados envolvidos como zona livre de febre aftosa sem vacinação

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O Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) está coordenando um Estudo Soroepidemiológico para identificação de circulação viral de febre aftosa, doença infecciosa que atinge alguns animais. Após a conclusão, será levado para a Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA) o pleito de reconhecimento internacional dos estados que compõem o bloco como zona livre de febre aftosa sem vacinação.

O estudo será realizado em Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Distrito Federal, Tocantins, Espírito Santo, São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Bahia, Sergipe, Maranhão, Pará, Amapá e Roraima. Caso sejam reconhecidos como zona livre de febre aftosa sem vacinação, esses estados ficam aptos a exportar para países que exigem a certificação para comercialização de produtos de origem animal.

Até o momento, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, Rondônia, Acre e parte do Amazonas e Mato Grosso são considerados zonas livres de febre aftosa sem vacinação, com reconhecimento internacional.

Breno Welter, médico-veterinário e gerente do Programa Estadual de Erradicação da Febre Aftosa, informa que no Brasil não há registro da doença nos últimos anos, sendo que o último caso foi registrado em 1996. 

Ele explica que a febre aftosa é causada por um vírus de rápida multiplicação e é altamente contagiosa. Ele alerta que a febre aftosa pode acometer criações inteiras. Entre os animais que podem ter a doença estão os bovinos, bubalinos, caprinos, ovinos, suínos, javalis

“[Sobre] os sintomas, temos o início da doença com lesões, vesículas na região da cavidade oral, na teta das vacas, no espaço interdigital dos cascos. E com essas lesões, essas vesículas se rompem formando aftas e úlceras. Os animais têm uma dificuldade em se alimentar, ingerir água e com isso eles começam a ter seborreia, salivação excessiva, dificuldade de locomoção. Os animais ficam isolados dentro da população, porque eles têm uma febre alta, eles têm toda essa sintomatologia”, informa.

O especialista destaca que, caso o produtor tenha suspeita da doença na propriedade, deve comunicar rapidamente à Defesa Agropecuária — que irá mandar médicos-veterinários capacitados até a propriedade para fazer o diagnóstico.

Vacinação

Vacinação contra febre aftosa será suspensa no Amapá, Bahia, Maranhão, Pará, Rio de Janeiro, Roraima e Sergipe a partir de abril deste ano.

Além disso, o Mapa proibiu o armazenamento, a comercialização e o uso de vacinas contra a febre aftosa no Distrito Federal, Espírito Santo, Goiás, Minas Gerais, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Tocantins.

De acordo com a pasta, estes estados realizaram a última vacinação em novembro de 2022 e estão atualmente em processo de preparação para modificar seu status para áreas livres de febre aftosa sem a necessidade de vacinação.

Para o presidente da Associação Brasileira dos Criadores de Sindi, Orlando Procópio, dentro do Programa Nacional de Vigilância para Febre Aftosa, a vacinação é um dos pontos mais importantes.

“A vacinação contra a febre aftosa é na realidade o dever de casa do pecuarista, do criador. Então tudo começa com uma boa cobertura vacinal e na sequência uma correta declaração do rebanho vacinado. Então este programa Nacional de Vigilância, tem um caráter nacional, mas como o Brasil é um país de um tamanho continental, esse programa acaba tendo status diferentes de acordo com os estados,”, afirma.

Ele ressalta que os estados precisam da ajuda do Governo Federal, porque é por meio dos Institutos de Defesa de cada estado, do poder de organização, da capacidade de ter funcionários treinados e veículos para fazer a vigilância, que o estado vai poder obter o status de livre de aftosa sem vacinação.

Economia

Segundo os últimos dados divulgados pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) em 2023, o rebanho bovino brasileiro atingiu um novo recorde de 234,4 milhões de animais em 2022, registrando um aumento de 4,3% em comparação com o ano anterior.

Breno Welter pontua que a febre aftosa também é responsável por grandes perdas econômicas. “Principalmente em relação ao comércio, porque ela restringe a movimentação de animais, de produtos de origem animal, tanto por mercado interno como para o mercado externo exportação”, completa.

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16/02/2024 15:30h

Só em 2024 foram 10.125 pessoas vítimas da doença. O AVC, que já chegou a ser a segunda causa de morte no país, passou a ocupar a primeira posição há 5 anos, conforme dados do CRC, divulgados pela SBAVC

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Em 2023, 110.818 brasileiros morreram por Acidente Vascular Cerebral (AVC) até o mês de novembro. Já em 2024, até o momento, 10.125 pessoas foram vítimas da doença. Os dados são do Portal da Transparência do Centro de Registro Civil (CRC) do Brasil — uma base de dados alimentada pelos cartórios de todo o país —, divulgados pela Sociedade Brasileira de AVC (SBAVC). O número de mortes por causa da doença ainda preocupa médicos e a população. 

O neurocirurgião especialista nas patologias vasculares do Sistema Nervoso Central Victor Hugo Espíndola explica que o AVC é a segunda maior causa de morte no mundo em pessoas acima de 60 anos  — e a principal causa de incapacidade no Brasil na população adulta. 

“A causa de um AVC isquêmico é um trombo, um coágulo que vai obstruir uma artéria. O que ele pode causar, quais são as sequelas, os sintomas, vai depender muito da região do cérebro que vai ser afetada. O nosso cérebro é topografado, então a gente tem a área da fala, área motor do braço direito, área motor do braço esquerdo, área da memória. E, dependendo da região que for afetada, o paciente pode desenvolver um quadro diferente”, destaca.

De acordo com a SBAVC, o AVC, que até meados da década de 2010-2018 era a segunda causa de mortes no Brasil, ocupa a primeira posição há 5 anos. A doença já superou o infarto em causa de morte no país, uma relação que era inversa — infarto em primeiro lugar — do que acontece no mundo ocidental. 

Segundo Espíndola, existem dois tipos de AVC: o isquêmico e o hemorrágico. O primeiro, é o mais comum e responsável por mais de 80% dos casos. “É quando o paciente apresenta uma obstrução da artéria que leva sangue para determinadas regiões do cérebro”. Já o hemorrágico, o paciente tem uma ruptura da artéria seja por um pico hipertensivo seja por um aneurisma cerebral que rompe. “Esse tipo de AVC atinge cerca de 20% dos casos, sendo popularmente conhecido como derrame”, informa.

Prevenção

Na opinião do especialista nas patologias vasculares do Sistema Nervoso Central, manter bons hábitos de vida e ficar atento aos sinais podem evitar complicações. 

“Normalmente o AVC ele tende a pegar um lado do corpo. Então o braço direito fica mais fraco, a perna direita fica mais fraca — ou o braço esquerdo ou a perna esquerda. A gente pede o paciente para cantar a música que ele mais gosta, conversar e, se ele tiver dificuldade de conversar, pode ser sintoma de AVC— porque AVC também altera a fala”, relata.

Quem passou por essa situação, sabe como é difícil lidar com a doença e o quanto ela assusta. A analista de sistemas Fabrícia Chacon, de 45 anos, moradora de Brasília, relata o episódio que teve quando estava em um encontro de família.

“Em 2017, era dia de Pentecostes, eu estava na casa da minha sogra e eu comecei a suar frio. Comecei a ter taquicardia, a sentir meus braços dormentes — e eu falei com o meu marido: Nossa, não estou passando bem, estou suando frio, estou esquisita, estou achando que vou desmaiar; meu coração está disparado. Eu realmente achei até que fosse uma crise de ansiedade”, conta.

Mas após ser diagnosticada, Fabrícia descobriu que teve um AVC. Ela buscou informações, médicos especialistas e deu início ao tratamento. Por conta dos problemas vividos, Fabrícia agora faz um alerta:

“Quando você tem um AVC, você tem que investigar, cuidar da alimentação, cuidar da saúde. Eu já era hipertensa. A hipertensão foi um presente do trabalho, por estresse. Então, assim, olhar pra si”, orienta. 

Tratamento e cuidados

O neurocirurgião destaca que os sintomas de um AVC podem ser silenciosos. E é por isso que a conscientização e a educação sobre o assunto são ainda mais essenciais. Para o médico, quanto mais rápido for o diagnóstico, mais rápido iniciar o tratamento, maiores serão as chances de recuperação. 

“Hoje o AVC isquêmico tem 11 dos melhores tratamentos da medicina pra medir. Intimamente relacionado ao tempo, então, tem dois tratamentos disponíveis. Primeiro, a medicação que a gente faz na veia pra tentar dissolver e escoar o que tá obstruindo a artéria. E quando a gente tem uma artéria grande obstruída, fazendo um AVC mais grave, a gente tem hoje um procedimento chamado trombectomia mecânica”, revela.

Qualquer alteração, ele recomenda procurar atendimento médico imediato para iniciar o tratamento. Conforme o Ministério da Saúde (MS), 90% desses derrames podem ser evitados se a pessoa ficar atenta a determinados riscos que incluem: pressão arterial elevada (hipertensão), batimentos cardíacos irregulares (arritmia cardíaca), tabagismo, dieta e falta de exercício.
 

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13/02/2024 04:30h

Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-Facial (ABORL-CCF) orienta não voltar ao trabalho ou escola com sintomas de doenças infecciosas respiratórias

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Aproveitou muito o carnaval e agora está sentindo dor na garganta, mal-estar ou dor de cabeça? Cuidado: pode ser que esses sintomas indiquem algo além de ter gritado muito ou cansaço pós-folia. 

As doenças infecciosas respiratórias são bastante comuns nesse período, já que no carnaval o contágio é mais fácil devido às aglomerações. É o que alerta a Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-Facial (ABORL-CCF).

A otorrinolaringologista Larissa Vilela Pereira, especialista da ABORL-CCF, explica que os principais sintomas dessas são dores de garganta, nariz entupido, espirros coceira no nariz, coriza, tosse, febre, dor de cabeça, dor no corpo e, em casos mais graves, até dificuldade para respirar ou dor no peito. 

“Se o paciente estiver sentindo esses sintomas o ideal é que procure uma avaliação médica para um diagnóstico correto e para iniciar o tratamento adequado para, assim, ter uma recuperação melhor e mais rápida”, orienta.

A médica também explica que falta de hidratação adequada, má alimentação, dormir pouco e consumir bebidas alcoólicas são fatores que reduzem a imunidade, o que aumenta a chance de pegar essas doenças. 

“Outro ponto super importante de se falar é que, caso você esteja com esse sintomas, evite voltar ao seu trabalho, voltar à escola no caso das crianças, antes de ter um diagnóstico adequado para evitar a transmissão para outras pessoas”, explica a otorrinolaringologista Larissa Vilela Pereira.

Saiba quais são as doenças mais comuns que circulam nesse período, segundo a ABORL-CCF:

Covid-19: Os principais sintomas são febre, tosse seca, cansaço e perda de paladar ou olfato. Os sintomas mais graves envolvem a dificuldade de respirar ou falta de ar, dor ou pressão no peito. 

Resfriado: É causado por vírus e apresenta sintomas como nariz entupido, coceira no nariz, espirros e mal-estar.     

Gripe: Provocada pelo vírus influenza, tem os mesmos sintomas do resfriado, além de febre alta e dores pelo corpo. Pode acompanhar dor de garganta, tosse e falta de ar.
Amigdalite/faringite: Podem ser causadas por vírus ou bactérias. Os principais sintomas são: dor de garganta mais de dois dias, dificuldade para engolir, garganta vermelha e inchada ou com pus, febre, dor de cabeça ou no pescoço e ínguas na região do pescoço ou mandíbula.

Mononucleose: Apesar de não ser uma doença respiratória, essa enfermidade é provocada pelo vírus Epstein-Barr (VEB), da família Herpes, e pode ser confundida com amigdalite devido à semelhança dos sintomas. Os principais são fadiga, dores no corpo, febre, aumento dos gânglios na região do pescoço, placas esbranquiçadas  nas amígdalas, indisposição e dificuldade para engolir.
 

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