Linha BRT Luziânia. Foto: Dênio Simões/Agência Brasília.
Linha BRT Luziânia. Foto: Dênio Simões/Agência Brasília.

Trabalhadores reclamam do aumento das passagens de ônibus do Entorno do DF

O reajuste autorizado pela ANTT é de 4,147% e afeta todas as linhas de ônibus semiurbanos e interestaduais

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As passagens de ônibus entre as cidades do Entorno e o Distrito Federal aumentaram no último domingo (28). O reajuste autorizado pela ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres) é de 4,147% e afeta todas as linhas de ônibus semiurbanos e interestaduais operadas por meio de autorização especial.

Segundo a agência, a correção da tarifa recompõe a variação dos preços relacionados à prestação do serviço, conforme a variação do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA/IBGE) com o valor relativo ao óleo diesel para distribuidora.

Em meio à pandemia, o aumento pegou muitos trabalhadores que dependem do transporte público de surpresa, como a estagiária de agronomia Maria Eduarda Matos (21), moradora de Luziânia (GO), que trabalha no Setor Terminal Norte (DF). “Nós trabalhadores achamos que as empresas iam entrar em um acordo para não ter aumento na tarifa este ano. Porque apesar de ser comum subir, por causa da pandemia e de tudo que estamos enfrentando, seria o mais justo”, declarou. 

O valor da passagem deste trajeto passou de R$ 7,15 para R$ 7,40. Maria Eduarda reclamou ainda que o preço não equivale à qualidade do transporte. “O impressionante é que apesar de todo ano subir, considerado um aumento significativo, a qualidade do serviço só diminui. Os motoristas não respeitam as paradas, o transporte não tem conforto e qualidade nenhuma, os ônibus quebram, estão lotados todos os dias.”

A advogada Savana Faria (25), que trabalha no Plano Piloto, também não ficou satisfeita com o aumento dos bilhetes. “Nesse cenário de pandemia nunca pensamos que isso fosse acontecer e apesar de ser aumento de centavos, a longo prazo isso gera um impacto muito negativo no orçamento, que poderia estar sendo passado para custeio de outras despesas”, disse.

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Para facilitar o troco entre passageiros, algumas tarifas foram arredondadas para baixo, como é o caso da passagem entre Valparaíso (GO) e Taguatinga (DF), que deveria custar R$ 6,35 e agora passa para R$ 6,25.

As passagens de ônibus entre a Cidade Ocidental (GO) e Brasília passam a valer R$ 6, enquanto de Valparaíso (GO) para Brasília os bilhetes passam a ser vendidos por R$ 5,40. Os passageiros que saem de Águas Lindas (GO) para o Plano Piloto começam a pagar R$ 7,80, valor mais alto registrado entre as cidades do entorno.

O professor da Universidade de Brasília (UnB) e especialista em Mobilidade Urbana, Carlos Penna Brescianini, explicou que o aumento das passagens se deve principalmente ao reajuste dos combustíveis. No início da semana a Petrobras anunciou o aumento de 5% para a gasolina e 5% para o diesel, assim os preços passaram a ser alinhados com o dólar e a cotação internacional. 

“É uma política que nós chamamos de recessiva, os preços aumentam e os salários não aumentam. Ou seja, as coisas correm em campos opostos e o efeito para a população é o pior possível”, avaliou. 

Segundo a ANTT este é o reajuste anual, que ocorre sempre na segunda quinzena de fevereiro, e não haverá novo aumento ainda este ano. 

Em referência aos números da pandemia, o especialista em mobilidade destacou que a aglomeração diária nos transportes públicos continua colocando as pessoas em risco. Devido ao alto risco de contágio pela Covid-19, o sistema é motivo de preocupação, não cumprindo as medidas sanitárias.

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