Sergio Velho Junior/FIOCRUZ Brasília
Sergio Velho Junior/FIOCRUZ Brasília

Especialista explica importância das doações de leite materno

Para entender a importância do trabalho das equipes dos Bancos de Leite Humano, conversamos com o coordenador da Rede Brasileira de Bancos de Leite Humano (RBLH), João Aprígio.

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No Brasil, aproximadamente 330 mil crianças nascem prematuras todos os anos e precisam receber doação de leite materno para se recuperarem mais rápido e crescer com mais saúde.  Esse número representa 11% do total de crianças nascidas no país, de uma média de três milhões por ano. Isso acontece porque essas crianças geralmente ficam internadas em Unidades Neonatais e não podem ser amamentadas diretamente do seio da mãe. E é nesse momento que se faz necessário a ajuda dos Bancos de Leite Humano, espalhados por todo o país. 

E para explicarmos um pouco mais a respeito dessa doação e da importância do trabalho das equipes dos Bancos de Leite Humano, nós vamos conversar com o coordenador da Rede Brasileira de Bancos de Leite Humano (RBLH), João Aprígio. 

Para começar, gostaria que o senhor falasse o porquê de a amamentação ser tão importante para as crianças. 

“A amamentação é mais do que um ato de nutrição, de afetividade e de proteção. É como, de verdade, a gente começa a construir a um sujeito, a construir um ser humano e prepará-lo para toda a vida. E o leite materno é fundamental para esse processo para além dos nutrientes, das gorduras, das vitaminas, das proteínas. Ou seja, de tudo aquilo que é tão importante para nós humanos crescermos e nos desenvolvermos; tem substâncias ímpares, que protegem, de imunomodulação. E o que é imunomodulador? Aumenta a resistência do organismo. Têm substâncias que promovem o crescimento facilitado do bebê e da criança.”

O Ministério da Saúde recomenda a amamentação até os dois anos de idade ou mais e que nos primeiros seis meses o bebê receba exclusivamente o leite materno, ou seja, sem necessidade de sucos, chás, água e outros leites e alimentos. Mas porque o leite materno é tão importante e necessário para bebês prematuros?

“Se a amamentação e o leite humano são elementos tão importantes para uma criança bem nascida – uma criança que nasceu com suas 40 semanas de idade gestacional –, imagine para um bebê pequeno, prematuro, que muitas vezes nasce com um peso abaixo de mil gramas. Encontramos, não raro infelizmente, bebês que nascem com peso na casa de 800 gramas, 600 gramas. Se você coloca na palma da sua mão, a cabecinha fica na ponta do dedo e o pezinho fica encostando no punho. É desses bebês que estamos falando; é para esses bebês que nós trabalhamos prioritariamente, mas também para aqueles bebês que nascem com baixo peso, que são prematuros e que dependem do leite humano não como um alimento, mas que dependem do leite humano como um fator de sobrevivência.”

Já que o leite materno é tão importante assim, não seria melhor que essas crianças recebessem da própria mãe?

“É óbvio que o melhor leite é o da própria mãe. Mas, na realidade, nenhuma mãe imagina ter o filho nessas condições. Existem inúmeras situações que impedem a amamentação direta ao seio. Um bebê desse, fica dentro de uma incubadora. Ele é alimentado por vias que não são as habituais da amamentação ao seio direto. E, na realidade, essa mãe vive uma situação de estresse emocional enorme que impacta. Então, as equipes dos Bancos de Leite Humano, dos serviços de saúde, dos hospitais ajudam a essa mãe a prosseguir no processo de resgatar a produção de leite materno.”

A Rede Global de Bancos de Leite Humano é uma iniciativa do Ministério da Saúde e o Brasil é referência mundial na estratégia de coleta e distribuição de leite materno, exportando sua tecnologia para outros países. Mas para isso tudo acontecer são fundamentais as doações de leite materno, certo?

“Precisamos contar com outras mães que doem o leite excedente, aquele leite que sobra no peito depois que o filho mama, porque esse leite vai ser direcionado para esses bebês. Então, esse é, digamos assim, uma síntese muito simples do que é o trabalho dos Bancos de Leite Humano, do que é o processo de doação de leite humano, porque doar e qual a importância desse gesto fundamental para um grande número de bebês que nascem no nosso país.”

Gostaria de agradecer a participação do João Aprígio, que é coordenador da Rede Brasileira de Bancos de Leite Humano. E vale destacar aqui, que toda mulher que amamenta é uma possível doadora de leite materno. Para doar, basta ser saudável e não tomar nenhum medicamento que interfira na amamentação. 

Doe leite materno. Nessa corrente pela vida, cada gota faz a diferença. Para mais informações, ligue 136 ou acesse o site saude.gov.br/doacaodeleite. 

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