Foto: Agência Brasil
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MS: Estado impulsiona economia verde por meio de florestas e mantém posto de maior exportador de celulose

Base florestal representa cerca de 7% do PIB estadual e receita bruta de R$ 10 bilhões, considerando florestas plantadas, móveis e produção de celulose

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Mato Grosso do Sul está no topo do pódio nacional de exportação de celulose, forte matéria-prima para a indústria. Ocupando o primeiro lugar dentro do País, o estado alcança ainda outro feito: é o terceiro colocado em área de florestas plantadas, mantendo cinco municípios entre os dez maiores produtores, e melhor desempenho municipal para Três Lagoas em valor de produção. 

O desempenho sul-mato-grossense de três anos para cá levanta também outros dados: o de geração de renda e emprego no setor e o de impulsionamento da economia verde, com emissão de baixo carbono. A base florestal representa cerca de 7% do PIB estadual, com uma receita bruta em torno de R$ 10 bilhões, considerando florestas plantadas, móveis e produção de celulose, segundo dados do ano passado do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

“O Mato Grosso do Sul tem dentro do seu foco estratégico o desenvolvimento do mercado de florestas. Isso tem propiciado, inclusive com uma legislação bastante moderna, a produção de eucalipto, principalmente. Hoje, já estamos com mais de um milhão de hectares plantados e já somos o segundo estado em termos de eucalipto e com perspectiva significativa de crescimento”, adianta Jaime Verruk, secretário de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar (Semagro).  

Dados da entidade mostram que os segmentos de floresta e a respectiva indústria são responsáveis por cerca de 12 mil empregos, sendo 5,5 mil na fabricação de celulose. Desse total de 7% do PIB, segundo a Semagro, 51,56% são gerados pela produção de celulose, sendo a produção da base florestal responsável por 47,74%. 

Segundo a Semagro, as indústrias de celulose em Mato Grosso do Sul são voltadas totalmente para o processo de exportação. Atualmente, o estado tem três indústrias voltadas para celulose e projeto de mais duas. No ano passado, a celulose representou 38% de toda exportação do estado, com cerca de US$ 2 bilhões em operações. “Temos também outras indústrias buscando agregação de valor na produção de papel por meio dessa celulose”, acrescenta o secretário. 

“Ao mesmo tempo que temos todo o desenvolvimento do eucalipto, temos também toda uma questão significativa da proteção disso. Temos mais de 360 mil hectares de áreas preservadas com APP (Área de Preservação Permanente). As empresas de celulose fazem um trabalho importante na preservação das APPs, elas procuram se manter totalmente regularizadas quanto à estruturação do Código Florestal”, ressalta Verruk. 

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Sustentabilidade

Jaime Verruk destaca a sustentabilidade do setor, que, além de produzir celulose, produz energia a partir dos seus subprodutos, como cavaco e folhas. “Em dezembro, vamos inaugurar a primeira geração de energia de biomassa, oriunda de cavacos retirados de tocos, raízes e de folha. É um investimento importante que está ocorrendo no município de Três Lagoas e gerando energia”, comemora. 

O Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai-MS), por exemplo, dispõe de um instituo voltado para a produção de biomassa no estado, que é a matéria orgânica, de origem vegetal ou animal, utilizada na produção de energia. Ela é obtida por meio da decomposição de recursos renováveis, como plantas, madeira, resíduos agrícolas, restos de alimentos, excrementos e até do lixo.

Segundo a entidade, o Instituto Senai de Inovação Biomassa tem como objetivo realizar pesquisa aplicada para desenvolvimento de novos produtos, serviços e processos inovadores em transformação de biomassa, para agregar maior valor às commodities, matérias-primas e biomassa residual, atraindo novas divisas, tornando as indústrias brasileiras mais competitivas, pela introdução de novas tecnologias em produtos e processos.


 
Boas práticas

Uma das oportunidades para o setor florestal do estado sul-mato-grossense é a Integração lavoura, pecuária e floresta, conhecida como ILPF – ou, no caso específico do setor, Integração pecuária e floresta (IPF). De acordo com informações da Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar (Semagro), o IPF é fundamental nos sistemas de produção de carne carbono neutro. 

“Essa boa prática tem se disseminado e permitido que Mato Grosso do Sul assuma uma posição de destaque na adoção de sistemas de ILPF e IPF no país, como também tem aumentado a nossa base de árvores plantadas no estado”, destaco Verruk. 

O setor de celulose, segundo a Semagro, tem trabalhado e contribuído nas questões que envolvem as mudanças climáticas, com a mitigação dos estoques de gás carbônico, emitidos pelo processo industrial. 

Bioeconomia

Segundo informações do Ministério do Meio Ambiente (MMA), o Brasil possui a maior biodiversidade do planeta. O País abriga cerca de 20% do número total de espécies da Terra, o que eleva a nação ao posto principal de nação entre os 17 países megadiversos. 

O especialista em meio ambiente Charles Dayler acredita que a bioeconomia pode reduzir perdas e aumentar ganhos. “Em um processo produtivo tradicional, sempre temos sobras e perdas. Com a bioeconomia, faríamos uma produção de materiais usando insumos de origem natural e, como resultado disso, tenho um produto que não degrada ou se degrada de forma ecologicamente correta e não tenho perda de energia, não tenho sobra, não tenho materiais que não são biodegradáveis”, detalha. 

A bioeconomia é conhecida como um modelo de produção industrial baseado no uso de recursos biológicos. A ideia é oferecer soluções para a sustentabilidade dos sistemas de produção com vistas à substituição de recursos fósseis e não renováveis. “A bioeconomia prega que se produza com insumos de origem natural, sem perda de energia e com eliminação de rejeitos tóxicos, ou seja, tudo na cadeia de produção seria aproveitado”, reforça Dayler.

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