LOC.: A região Sul do país pode se tornar o novo epicentro da Covid-19 no Brasil. Ao menos é o que indicam os dados das autoridades em saúde. Santa Catarina, Paraná e Rio Grande do Sul apresentaram as maiores taxas de crescimento de casos confirmados e mortes pelo novo coronavírus na última semana epidemiológica, de acordo com o Ministério da Saúde.
Na contramão do que ocorre em outros estados do país, a região Sul ainda deve ver uma aceleração da curva de contágio da doença nas próximas semanas. Para te ajudar a entender o cenário, o Brasil 61 fez um levantamento dos principais indicadores sobre a Covid-19 nos três estados e conversou com especialistas para tentar explicar o motivo da explosão no número de casos.
Para Arnaldo Correia de Medeiros, secretário de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, a explicação pode ter a ver com o clima, já que o inverno potencializa o contágio de doenças respiratórias.
TEC./SONORA: Arnaldo Correia de Medeiros, secretário de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde
“Na região Sul, houve um aumento significativo do número de óbitos para o interior. Temos uma preocupação com o avanço da doença na região Sul, Centro-Oeste e Sudeste, o que certamente tem uma explicação a ver com o estado sazonal desta época do ano.”
LOC.: No Paraná, os casos se multiplicaram 383% em apenas 30 dias. De pouco mais de 8,7 mil no dia 12 de junho, para mais de 43 mil, de acordo com o último informe epidemiológico do governo estadual. A trajetória ascendente da curva se reflete no aumento de óbitos. Eram 294 e, agora, são 1.072. Com o objetivo de frear a propagação do coronavírus, o governador Carlos Ratinho Júnior assinou um decreto que ampliou para 141 as cidades no estado que não podem abrir serviços e atividades considerados não essenciais.
As regiões de Cascavel, Londrina, Foz do Iguaçu e Metropolitana de Curitiba estão entre as mais afetadas. A taxa de ocupação das UTIs no Paraná é de 72%. Há um mês, esse percentual era de 47%.
Santa Catarina viu o número de casos confirmados saltar de 13,1 mil casos para mais de 43 mil casos, aumento de 226% em apenas um mês. A quantidade de vítimas no estado mais do que dobrou: de 191 para 517, de acordo com a Secretaria de Saúde local. As regiões de Foz do Rio Itajaí, Laguna e Xanxerê estão em situação gravíssima, segundo mapa de risco do governo estadual. A taxa de ocupação de leitos SUS no estado está em 72%, de acordo com a Secretaria de Estado da Saúde local. Na região da Grande Florianópolis, o indicador está em 80%.
O coronavírus avançou de maneira semelhante no Rio Grande do Sul. O número de casos confirmados triplicou em um mês. De acordo com o último boletim epidemiológico da Secretaria de Saúde, já são 39.656 infectados e 995 óbitos. A taxa de ocupação dos leitos de UTI está em 76%. Desde o dia 11 de maio ocorre o Distanciamento Controlado. O plano tem quatro níveis, que são representados por bandeiras nas cores amarelo, laranja, vermelho e preto. Cada uma das 20 regiões de saúde está situada em uma dessas classificações. Todos os municípios do estão, neste momento, estão entre o risco médio e alto.
O infectologista Hemerson Luz concorda que o clima pode ser uma das explicações para o avanço da Covid-19 no Sul.
TEC./SONORA: Hemerson Luz, infectologista
“O Sul nesta época é caracterizado pelo frio intenso. Podemos dizer que as doenças respiratórias se propagam com mais facilidade no frio e o Sul e Minas Gerais podem estar incluídas nesse aspecto do clima influenciando a transmissão da Covid-19.”
LOC.: Durante esta semana, o Brasil 61 vai publicar todos os dias uma reportagem com o panorama da Covid-19 em cada uma das regiões do país. Na quarta-feira será a vez do Centro-Oeste.
Reportagem, Felipe Moura.