Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

MS: Estoques da Rede Hemosul estão em situação crítica

Os tipos sanguíneos “O positivo” e “O negativo” estão cerca de 40% abaixo do nível seguro. Enquanto o nível do tipo “B negativo” está 75% abaixo do ideal, de acordo com a instituição. Hemosul faz apelo por novos doadores de sangue e de medula óssea

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Por falta de doações, os estoques de sangue da Rede Hemosul estão em situação preocupante. Há necessidade de todas as tipagens, mas principalmente os tipos “O negativo” e “O positivo”, que estão 40% abaixo do nível seguro e  “B negativo” que está em 75% abaixo do ideal. Para mobilizar os sul-mato-grossenses a doarem sangue, o Hemosul conta com o Hemocentro Coordenador, localizado em Campo Grande, e, também, com uma estrutura descentralizada, composta pelos hemocentros regionais.

Mato Grosso do Sul tem cinco hemocentros regionais, que ficam nos municípios de Dourados, Três Lagoas, Ponta Porã, Paranaíba e Coxim. Essas unidades também recebem candidatos à doação de medula óssea. Com o objetivo de abastecer o banco de sangue e aumentar o número de doadores de medula, a Rede Hemosul indica que os voluntários devem procurar o hemocentro regional mais próximo e permitir uma pequena coleta de sangue para averiguação do tipo sanguíneo e da compatibilidade. 

Logo depois, o cadastro é repassado para o Registro Nacional de Doadores Voluntários de Medula Óssea (Redome), do Instituto Nacional do Câncer (Inca), órgão nacional responsável pelo gerenciamento das informações do doador e do paciente. Caso haja compatibilidade, o Redome entrará em contato com o doador para retirada das células.

Coordenação estadual

A Rede Hemosul é responsável por atender a demanda transfusional de todos os hospitais públicos e privados de Mato Grosso do Sul. Segundo a Coordenadora Geral da instituição, Marli Vavas, o hemocentro possui aproximadamente 62 mil doadores de sangue cadastrados, o que corresponde a 2,2% da população. 

Em relação ao cadastro de medula óssea, o estado cadastrou cerca de 160 mil candidatos, de acordo com o Redome. A coordenadora explica que a probabilidade de um paciente encontrar um doador compatível é de uma a cada 100 mil, em alguns casos é de uma a cada um milhão. “Por isso, é muito importante a gente manter esse número de doadores e manter os dados atualizados, pois a qualquer momento quem tiver uma compatibilidade vai ser chamado para fazer a doação”, acrescenta. 

Ainda de acordo com Marli, o sangue é o único medicamento que não é possível encontrar em uma farmácia para ser adquirido. Em meio à pandemia, a necessidade de sangue é ainda maior, pois, além dos pacientes com Covid-19, também é preciso atender pacientes com doenças graves ou que vão passar por procedimentos médicos e cirúrgicos. Ela faz um pedido para que os cidadãos se mobilizem e doem sangue.  

“É muito importante que as pessoas e a população, em geral, tenham consciência da importância da doação de sangue. Muitos pacientes dependem da boa vontade de outro ser humano que faça esse gesto altruísta para ajudar a amenizar o sofrimento, melhorar a saúde ou até proporcionando a vida para essas pessoas. Faça a sua doação de sangue e o cadastro de medula óssea porque precisamos muito de vocês”

Atendimento regional

O hemocentro localizado em Dourados, no sudoeste do estado, atende, sobretudo, a outros 15 municípios. Entre eles, estão: Antônio João, Caarapó, Itaporã, Rio Brilhante e Vicentina. A unidade fica na Rua Waldomiro de Souza, número 295, Vila Industrial. O telefone para contato é o  (67) 3424-4192 ou pelo Whatsapp (67) 99239-9421. 

Quem mora nessas cidades também pode procurar o polo de Ponta Porã, localizado na microrregião de Dourados, que está situado na Rua Sete de Setembro, número 1896 , bairro Santa Isabel. O telefone para contato é o (67) 3431-6134. 

Já o hemocentro de Três Lagoas, leste do Mato Grosso do Sul, está mais próximo de quatro municípios, como Água Clara, Brasilândia, Ribas do Rio Preto e Santa Rita do Pardo. A unidade está localizada na Rua Manoel Rodrigues Artez, número 520, Colinos. O número para contato é o (67) 3522-7959.

Moradores do centro-norte do estado, que abrange sete cidades, como Figueirão, Pedro Gomes, Rio Verde, Sonora e Camapuã, podem procurar o hemocentro de Coxim. A unidade está situada na Rua Gaspar Reis Coelho, número 361, Bloco B - Bairro Flávio Garcia. Para contato, ligue no número (67) 3291-2906. 

E quem reside nos municípios da região leste como Aparecida de Taboado, Inocência e Servíria, podem procurar o hemocentro regional de Paranaíba. A unidade fica na Rua Sete de Setembro, número, 1896 , bairro Santa Isabel, e o telefone é o (67) 3431-6134. 

Braço solidário

Anderson Francisco Sidrack, 55 anos, mora em São Lourenço, em Campo Grande. Além de ser doador de sangue de carteirinha no Hemosul, o policial rodoviário aposentado foi o primeiro doador de medula óssea do estado de Mato Grosso do Sul. Ele conta que já fez duas doações em um intervalo de dois meses. 
“O procedimento é feito com anestesia, então você não sente nada posteriormente. Você sente um leve incômodo onde foi furado, mas depois disso não tem nenhum problema, não tem nenhuma dor e não demora nada para se recuperar”

Anderson Sidrack doando sangue no Hemosul (Arquivo pessoal)

A doação de sangue e medula pode significar a única oportunidade para milhares de pacientes permanecerem lutando pela vida. E foi com a intenção de levar esperança de vida para um necessitado que Vanessa Mansano Gonçalves, 44 anos, se cadastrou para se tornar doadora de medula óssea. 

Um ano depois, a funcionária pública recebeu a notícia do Redome de que era compatível com outro alguém. Ela mora no bairro Monte Líbano, em Campo Grande, e precisou viajar para Barretos, interior de São Paulo, para realizar todos os exames e o transplante.   

Ela só não sabia que o receptor era um menino, de nove anos, (na época do transplante), que há cinco anos fazia um tratamento contra um câncer em estágio final. E que morava a mais de 15 mil quilômetros do Brasil, em Konya, na Turquia. 

“No mesmo dia do transplante veio uma pessoa da Turquia para pegar e levar embora a minha medula. Depois de 20 dias me informaram que a minha medula já tinha pegado no organismo dele”

O Redome estipula um prazo de um ano e meio depois da cirurgia para que o doador possa conhecer o seu receptor. Passado esse período, Vanessa viaja para Turquia para conhecer o pequeno Mustafá e sua família. Agora, totalmente curado da leucemia. 

“Você conhecer alguém que está com seu sangue no corpo dele e saber quem ele é, é uma coisa muito forte, muito sem explicação, muito de Deus, sabe? Porque foi um milagre! Foi um milagre que Deus operou através da minha vida e quem sou eu. Então, eu falo que a gente tem que ser disponível, que a gente sendo disponível Deus usa nossas vidas”

Vanessa e Mustafá se encontram na Turquia (Arquivo pessoal)

Doação de sangue

Marcelo Queiroga, ministro da Saúde, garante que doar sangue é possível graças ao SUS. “Vamos aproveitar essa oportunidade para reafirmar não só as ações de enfrentamento à pandemia, mas também a necessidade contínua de cumprir o preceito constitucional da saúde como direito fundamental. O sangue, ao longo do tempo, simboliza a vida. E, nesse sentido, é importante a doação regular. Doe sangue regularmente. Com a nossa união, a vida se completa.”

Onde doar sangue e se cadastrar para doar medula óssea em Mato Grosso do Sul

Além dos hemocentros regionais, os voluntários à doação de sangue e medula óssea no estado podem procurar a unidade de coleta e transfusão na Santa Casa, em Campo Grande. Para saber mais informações sobre endereços e horários de funcionamento das unidades, veja o mapa abaixo. 

Critérios para doação de sangue e medula óssea

De acordo com a Coordenação-Geral de Sangue e Derivados do Ministério da Saúde, o procedimento para doação de sangue é simples. Primeiro se faz o cadastro, aferição de sinais vitais, teste de anemia, triagem clínica, coleta de sangue e, depois, o lanche. Isso tudo leva em média 40 minutos.

Vale lembrar que até mesmo quem foi infectado pelo coronavírus pode doar sangue e medula óssea. No entanto, é necessário aguardar 30 dias após completa recuperação da doença. Quem teve contato com pessoas infectadas também precisa esperar 14 dias para poder fazer a doação, apresentando RT-PCR negativo e ausência de sintomas. Já os vacinados, devem esperar o tempo de imunização que vai depender da marca do imunizante.

Para doar sangue é necessário ter entre 16 e 69 anos de idade e pesar no mínimo 50 quilos. Mulheres podem doar até três vezes ao ano com intervalo de três meses entre as doações. Já os homens podem doar até quatro, com intervalo de dois meses entre as doações. A doação é voluntária e uma bolsa de apenas 450mL de sangue pode ajudar até quatro pessoas.

Candidatos à doação de medula óssea devem ter entre 18 e 35 anos, estar em bom estado de saúde e não apresentar doença infecciosa ou incapacitante. Segundo o Redome, algumas complicações de saúde não são impeditivas para doação, sendo analisado caso a caso.

Doar sangue e medula é seguro! Com a pandemia, todos os protocolos de contenção contra a Covid-19 estão sendo realizados. No dia da doação, será preciso apresentar documento de identificação com foto. Para saber onde doar sangue ou se cadastrar para doar medula óssea, acesse hemosul.ms.gov.br.

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