LOC.: Olá! Sejam bem-vindos ao Entrevistado da Semana. Eu sou o Felipe Moura e nesta edição nós vamos conversar com o Julival Ribeiro. Ele é infectologista e membro da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI).
O bate-papo de hoje é sobre a chegada da variante indiana do novo coronavírus ao Brasil.
Doutor Julival, seja muito bem-vindo.
TEC./SONORA: Julival Ribeiro, infectologista, membro da SBI
Obrigado!
LOC.: Para começarmos o nosso bate-papo, Julival: o que difere essa variante indiana das outras cepas que já conhecemos da Covid de presentes no Brasil?
TEC./SONORA: Julival Ribeiro, infectologista, membro da SBI
“Olha, veja bem, nós temos a cepa original, é o coronavírus original e quando ele começou a infectar milhões de pessoas, o que ocorreu durante esse período? Estamos vendo que ele forma variantes, ou seja, ele tem alterações do coronavírus original. Em relação especificamente a essa variante que chegou aqui no Brasil, vinda da Índia, se sabe que ela tem três mutações, já está em mais de cinquenta países e é altamente transmissível, mas não se tem estudo ainda se ela causa doença mais grave ou não.”
LOC.: Entendi, Julival. E que medidas as autoridades de Saúde e a população podem adotar para impedir a disseminação desta cepa?
TEC./SONORA: Julival Ribeiro, infectologista, membro da SBI
“As medidas mais importantes que as autoridades têm que tomar: fazer uma política pública em que todas as pessoas devem respeitar as medidas restritivas e as medidas preventivas. Deve-se testar, testar, testar, que é o lema da Organização Mundial de Saúde. Quanto mais teste nós fazemos, podemos precocemente ver quem está com o coronavírus e isolar essas pessoas e ir atrás dos contactantes, fazer teste, também fazer a quarentena. Outra medida muito importante é a vacinação. Nós temos que vacinar, no mínimo, em torno de dois milhões de pessoas aqui no Brasil, por dia. E o que nós estamos observando é que não tem essa continuidade dessa vacinação aqui no Brasil.”
LOC.: Quais as consequências que tantas mutações do vírus podem trazer no enfrentamento à pandemia?
TEC./SONORA: Julival Ribeiro, infectologista, membro da SBI
“Nós sabemos, agora, em relação, por exemplo, a variante da África do Sul, a variante em relação a da Índia, [que] ela diminui um pouco a efetividade da vacina, apesar de ainda responder a essas variantes, diminui a efetividade da vacina. E a grande preocupação do mundo é que com tantas variantes surgindo pode ocorrer um momento em que ela seja resistente a essas vacinas e seja necessário que a gente, por exemplo, tenha que fazer nova vacina para atuar com essas variantes.”
LOC.: Julival, levou-se um tempo até que a entrada de pessoas vindas da Índia, África do Sul e outros países onde existem essas variantes fosse proibida. Acredita que é inevitável termos transmissão comunitária no Brasil?
TEC./SONORA: Julival Ribeiro, infectologista, membro da SBI
“Infelizmente, essa vigilância nos aeroportos, nas fronteiras, foi feita tardiamente. Mas é importante ter feito, mas eu vou lhe dizer que a chance não é zero de essa cepa começar a ser transmitida na comunidade e venhamos ter muito número de casos pela cepa indiana como foi a P1, que aconteceu em Manaus que a gente viu, se distribuiu para país inteiro. Por isso que temos que fazer, além de vigiar os casos, fazendo PCR para ver se a pessoa está infectada ou não, é fundamental se fazer o sequenciamento genético para ver qual é a variante, realmente se ela está se disseminando no Brasil, sobretudo agora com a variante que chegou da Índia, que é mais transmissível.”
LOC.: Tá certo, Julival. Para encerrar o nosso bate-papo, em relação às vacinas que são aplicadas no Brasil, mais precisamente da AstraZeneca, Pfizer e CoronaVac, elas são eficazes contra a variante indiana?
TEC./SONORA: Julival Ribeiro, infectologista, membro da SBI
“Em relação à variante da Índia, ela diminuiu um pouco a efetividade da vacina, mas mantém a resposta para essas pessoas que tomaram. Não existe nenhuma vacina 100% eficaz, mas o grande mérito das vacinas é que mesmo se você pegar o coronavírus, você não tenha casos graves, ou seja, não precise de hospitalização ou de terapia intensiva. E elas continuam, pelo menos, da AstraZeneca e da Pfizer, tendo bom resultado em relação a essa variante da Índia. Em relação à CoronaVac, não li nenhum artigo, deve estar se fazendo estudo para ver o comportamento dela em relação à essa variante.”
LOC.: E, com isso, nós chegamos ao final do nosso bate-papo. Julival Ribeiro, muito obrigado por nos receber.
TEC./SONORA: Julival Ribeiro, infectologista, membro da SBI
“Obrigado.”
LOC.: O Entrevistado da Semana fica por aqui. Obrigado pela sua audiência e até a próxima. Tchau!
Reportagem, Felipe Moura.